O navio paraguaio Tacuary captura o navio brasileiro Marquês de Olinda, que subia o rio Paraguai em direção ao Mato Grosso. Em seguida a este episódio, o Paraguai declara guerra ao Brasil em 12 de novembro de 1864.
É o ponto de partida da Guerra da Tríplice Aliança. Em maio de 1865, a Argentina e o Uruguai se juntariam aos brasileiros. O conflito se estenderia até 1870. Terminaria com a derrota dos paraguaios.
O que foi a Guerra do Paraguai
A Guerra do Paraguai teve início a partir do desejo do governante paraguaio Francisco Solano Lopes de obter uma saída para o Oceano Atlântico através dos rios da Bacia do Prata.
Deu início ao confronto com a criação de obstáculos impostos às embarcações brasileiras que se dirigiam ao Mato Grosso através do território paraguaio. Visando a província de Mato Grosso, Solano Lopes aproveitou-se da fraca defesa brasileira naquela região para invadi-la e conquistá-la. Fez isso sem grandes dificuldades.
Após esta batalha sentiu-se motivado a dar continuidade à expansão do Paraguai já em território brasileiro. Seu próximo alvo foi o Rio Grande do Sul mas, para atingi-lo, necessitava passar pela Argentina. Invadiu e tomou Corrientes, província argentina àquela época governada por Bartolomeu Mitre. Argentina, Brasil e Uruguai decidiram unir suas forças em 1° de maio de 1865, mediante o acordo conhecido como a Tríplice Aliança.
A partir daí, os três países lutaram juntos para enfrentar o Paraguai, que foi vencido na batalha naval de Riachuelo e também na batalha de Uruguaiana. Esta guerra durou seis anos. No entanto, já no terceiro ano, o Brasil via-se em grandes dificuldades com a organização de sua tropa, pois além do inimigo, os soldados brasileiros tinham que lutar contra a falta de alimentos, de comunicação e ainda contra as epidemias que os assolavam.
Diante deste quadro, o Duque de Caxias foi convocado para chefiar o exército brasileiro. Sob seu comando, a tropa foi reorganizada, conquistando várias vitórias até chegar em Assunção no ano de 1869, não sem cometer abusos contra a população civil. Apesar do seu êxito, a última batalha foi liderada pelo Conde d’Eu, genro de D. Pedro II.
Por fim, no ano de 1870, a guerra chega ao final com a morte de Francisco Solano Lopes em Cerro Corá. Antes da guerra, o Paraguai era uma potência econômica na América do Sul e independente das nações europeias.
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Paraguai era potência sul-americana e queria expandir território para conquistar uma saída ao Oceano Atlântico
Para o Reino Unido, era um exemplo que não deveria ser seguido pelos demais países latino-americanos, totalmente dependentes do império britânico.
Logicamente, os ingleses se colocaram ao lado dos países da Tríplice Aliança, emprestando dinheiro, proporcionando apoio militar e suporte logístico. Era fundamental para o Reino Unido na região enfraquecer e eliminar uma referência de sucesso e independência na América Latina.
A indústria paraguaia ficou arrasada após a guerra. O Paraguai nunca mais voltou a ser um país com um bom índice de desenvolvimento industrial e econômico, passando até hoje por dificuldades políticas e econômicas.
Cerca de 70% da população paraguaia morreu durante o conflito, sendo que a maioria dos mortos eram homens, adultos e crianças. Embora tenha saído vitorioso, o Brasil também teve grandes prejuízos financeiros com o conflito. Os elevados gastos da guerra foram custeados com empréstimos estrangeiros, fazendo com que aumentasse a dívida externa brasileira e a dependência de países ricos.
Com a guerra, o exército brasileiro saiu fortalecido belicamente, pois ganhou experiência e passou por um processo de modernização. Houve também um importante fortalecimento institucional.
Do ponto de vista político, o exército também saiu fortalecido e passou a ser uma força fundamental no cenário político nacional, o que se tornaria visível na proclamação da República, no Movimento Tenentista, na Revolução de 30 e mais tarde, nos episódios da renúncia do presidente Jânio Quadros e no golpe militar de 1964.
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.