Em 14 de agosto de 1980, 17 mil trabalhadores dos estaleiros navais de Gdansk, Polônia, declaram greve após a demissão de um deles, membro de um sindicato independente, o Solidarnost. A greve se estenderia por todo o país e a crise social desembocaria em uma crise política no final do mês com a demissão do primeiro ministro Edward Babiuch. O governo comunista terminaria negociando com Lech Walesa, o chefe do sindicato independente.
Os trabalhadores de Gdansk exigiam também aumento salarial e o direito de formar um sindicato livre do controle governamental e do Partido Comunista. A maciça manifestação acabou destacando a liderança de Walesa, que desempenha um papel chave no fim do governo comunista na Polônia.
Gdansk vinha sendo um centro da agitação trabalhista desde os anos 1960. Quando o governo de Varsóvia anunciou novas medidas econômicas de austeridade e o aumento do preço dos alimentos em 1980, trabalhados dos estaleiros Lenin explodiram em fúria. Walesa, um veterano das disputas sindicais na Polônia, reuniu os operários e em 14 de agosto todos tomaram as instalações do estaleiro.
A primeira exigência foi que Walesa fosse restituído ao posto de líder sindical. Ele, estreitamente ligado à Igreja católica do país e ao papa polonês Karol Wojtila – papa João Paulo II – havia sido demitido de suas funções nos estaleiros em 1976, mas permaneceu ativo na agitação e protestos laborais contra o governo comunista da Polônia. Por essas ações foi preso por diversas vezes.
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Governo comunista terminaria negociando com Lech Walesa, o chefe do sindicato independente
Surgimento do ‘Solidariedade’
Poucos dias após os trabalhadores tomarem os estaleiros, Walesa anunciou a formação de uma organização destinada a unir trabalhadores de distintos campos de trabalho em um único movimento operário, conhecido como Solidariedade. Os grevistas conseguiram finalmente arrancar algumas concessões do governo polonês, mas em 1981 o regime voltou atrás e determinou a prisão de Walesa. Ele foi libertado em novembro de 1982
Em 1989, o regime comunista aceitou marcar eleições abertas, e Walesa despontou como o mais forte candidato.
No início dos anos 1980, Walesa foi um símbolo de esperança não só para o povo polonês como também para os movimentos anticomunistas em todo o mundo. Em 1983, Walesa foi galardoado com o Prêmio Nobel da Paz por seu trabalho. Em 1990, foi eleito como o primeiro presidente não comunista da Polônia desde o final da Segunda Guerra Mundial. Em 1995 realizaram-se novas eleições presidenciais, mas Walesa saiu derrotado por uma diferença de 3 pontos percentuais no segundo turno. Nas eleições presidenciais de 2000 não conseguiu mais do que 1% dos votos.