O programa 20 MINUTOS desta segunda-feira (10/04) teve como convidado o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, diretor-presidente da MCI-Estratégia, presidente do conselho científico do Instituto de Pesquisas Sociais Políticas e Econômicas (IPESPE), fundador do Laboratório de Neurociência Aplicada (NeuroLab), e professor colaborador da pós-graduação em ciência política da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Lavareda e o apresentador Breno Altman avaliaram os 100 dias do governo Lula, completados nesta mesma segunda-feira, fazendo um balanço dos pontos positivos e negativos deste terceiro mandato do petista.
Para fazer essa avaliação, o sociólogo lembrou da origem da análise dos primeiros cem dias de uma administração: em 1933, quando o então presidente norte-americano Franklin Roosevelt afirmou que em seus primeiros cem dias havia “consolidados as bases do new deal”.
“Com aquela declaração, o Roosevelt dizia à população que ele havia cumprido com a essência do mandato que ele recebeu quando ganhou as eleições do ano anterior prometendo se contrapor, encontrar caminhos de enfrentamento aos efeitos Grande Depressão originada pelo crash da Bolsa de Nova York em 1929”, recordou Lavareda.
Divulgação / Ipespe
Segundo Lavareda, Lula cumpriu com as expectativas do seu eleitorado nos primeiros cem dias de governo
Em seguida, o cientista político enumerou as principais promessas da campanha que o levaram a vencer as eleições de 2022: “Quais eram essas promessas? Retomar o bolsa-família com um valor maior agora, de 600 reais. Resgatar os povos originários, que vinham sendo massacrados. Reativar as políticas de proteção ambiental, recolocar o Brasil no cenário internacional, atacar questões como o racismo estrutural e outras pautas sociais e de combate à desigualdade e desestruturar o bolsonarismo arraigado no aparelho do Estado”.
“Acredito que, nesses primeiros cem dias, Lula avançou razoavelmente bem, e conseguiu alcançar resultados importantes em mais ou menos três quartos dessa pauta”, avaliou Lavareda.
No entanto, o sociólogo alertou que “passados esses primeiros cem dias, o que faltou foi obter resultados no desafio da questão econômica, em um país que enfrenta inflação, taxa de juros elevada e ele (Lula) exercitou um confronto aberto com o Banco Central e com ser presidente (Roberto Campos Neto), aprovar o novo arcabouço fiscal e dar encaminhamento a projetos acoplados a esse, de reforma tributária e outros elementos que seu governo precisa para retomar o crescimento”.
“Se Lula conseguir vencer esses três desafios: conseguir a aprovação do arcabouço fiscal, fazer a taxa de juros ser reduzida e encaminhar alguma reforma tributária, ele chegará ao final do ano com o país em melhor situação e com uma melhor expectativa com relação aos seus próximos anos de governo”, completou o cientista político.