No programa 20 MINUTOS desta sexta-feira (28/04), o fundador de Opera Mundi, Breno Altman, conversou com o deputado federal pelo PSOL de São Paulo, Guilherme Boulos.
Nesta edição, Altman e Boulos discutiram sobre a marca de 120 dias do terceiro mandato de Lula.
Perguntado sobre o balanço que faz sobre esses primeiros quatro meses de Governo Lula, o parlamentar disse que “este momento de reconstrução, de arrumação da casa, de preparação para deixar uma marca mais forte é o que define estes 120 dias”.
Veja entrevista na íntegra:
“Nós sabíamos que seria um início difícil. Aliás, o lema que o governo escolheu, ‘união e reconstrução’, já é uma expressão disso, que [o governo] iria pegar um país devastado. Eu participei da transição, no grupo sobre cidades, quando foram chegando os dados do governo Bolsonaro, era estarrecedor, porque o que ele tinha deixado no orçamento para obras de mobilidade, saneamento, habitação e de urbanização não era suficiente para chegar nem em fevereiro. Todas as obras iriam parar, o orçamento dele era fictício”, acrescentou.
No entanto, Boulos criticou a regra fiscal apresentada pelo ministro Fernando Haddad. “Não existia a necessidade de se colocar regras duras, como déficit zero no ano que vem, depois superávit nos anos seguintes, uma banda que tem como teto 2,5% de aumento do PIB para fazer investimentos públicos. O projeto do Haddad era fazer o ajuste não com corte de despesas, mas com aumento da receita. Isso, por enquanto, ainda é contar com o ovo dentro da galinha. Nós não temos a garantia de que vai haver esse aumento de receita, e se não houver esse aumento vamos ter que fazer um corte de despesas”.
Sobre a CPMI que vai investigar os atos do dia 8 de janeiro [a frustrada tentativa de golpe de Estado promovida pelo bolsonarismo], Boulos acredita que “foi um tiro no pé deles [oposição a Lula], porque uma coisa é ficar soltando nas redes sociais a narrativas de que seria um ‘autogolpe’, de que eles [bolsonaristas] não têm nada a ver com isso, outra coisa é dizer isso numa CPI, que tem poder de convocação [de testemunhas], que tem poderes similares ao do Poder Judiciário”.
Boulos também comentou o caso do vídeo vazado de sua conversa com o jornalista José Luiz Datena, na qual este faz duras críticas ao PT e recomenda ao deputado do PSOL que se afaste do PT na corrida para as eleições municipais de 2024, pois correria o risco de sofrer uma possível traição do partido aliado.
Segundo o parlamentar, “eu sempre tive uma boa relação com o Datena, especialmente depois das eleições de 2020, porque acho que ele foi muito correto comigo naquela ocasião. Mas eu disse a ele naquela conversa do vídeo e em outras que tivemos que o meu vice [nas eleições municipais de 2024] será um membro do PT. Isso é parte do acordo que nós firmamos. Algumas figuras do PT que acho que não estavam contentes com esse acordo tentaram usar o episódio para criar algum tipo de tensionamento, mas acho que isso não prosperou”.