O jornalista e fundador de Opera Mundi, Breno Altman, apresentou nesta terça-feira (08/08) o 20 MINUTOS ANÁLISE com o tema: os levantes militares que marcam a África Ocidental desde 2020.
No programa, Altman buscou responder quais as origens e motivos para esse cenário, além de analisar como se configuram esses episódios se são golpes, revoluções ou ainda rebeliões antidemocráticas ou anti-imperialistas? Devem ser apoiados ou rechaçados?
Para o jornalista, alguns movimentos abriram um novo cenário para os movimentos de libertação nacional naquela região, como a crise do capitalismo mundial, ascensão econômica da China, além da recuperação militar russa e o enfraquecimento relativo dos Estados Unidos.
Segundo Altman, a classificação de golpe nos episódios em curso em Níger, Mali, Guiné ou Burkina Faso devem ser olhados com cautela, já que a expressão “historicamente denota algo a ser condenado, uma atitude política inaceitável, que se vincula ao nascimento de ditaduras e à cultura fascista”.
Nesse sentido, ele defendeu no 20 MINUTOS ANÁLISE que não é definitivamente isso o que se passa na África Ocidental, em particular nas ex-colônias francesas: “ocorreram levantes militares com impressionante apoio popular e uma forte identidade anti-imperialista. Como no passado, podem ser sinais de uma nova onda revolucionária africana, embora ainda seja cedo para afirmarmos isso”, disse.
O caso mais recente desse levante é justamente no Níger, quando em 26 de julho o então presidente Mohamed Bazoum foi derrubado. O poder foi assumido pelo general Abdourahmane Tchiani, chefe da guarda presidencial, que se tornou o novo presidente do Conselho Nacional de Salvaguarda da Pátria, integrado por militares das diversas armas.
A ex-colônia francesa, independente desde 1960, é um dos países mais pobres do mundo, mas possui recursos minerais. Por conta disso, a junta militar rompeu acordos militares com França e Estados Unidos e estaria se preparando para nacionalizar a produção do urânio e outras riquezas.
“A situação em Níger pode ser compreendida como parte de um processo iniciado no Mali, entre agosto de 2020 e maio de 2021, depois acompanhado pela Guiné, em setembro de 2021, e por Burkina Faso, entre janeiro e setembro de 2022. A próxima peça do dominó poderia ser Senegal, onde multidões protestam contra o governo Macky Sall, submisso à França, e já se fala na hipótese de um levante militar”, afirmou Altman.
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Breno Altman analisou os levantes militares ocorridos em alguns países da África Ocidental, sendo o caso do Níger o mais recente deles