O programa 20 MINUTOS desta quarta-feira (23/08) entrevistou o rapper Kléber Geraldo Lélis Simões, mais conhecido como KL Jay, um dos precursores do movimento hip hop no Brasil e integrante do grupo Racionais MC’s.
O músico está participando da segunda edição do Festival Sample, que acontece até o dia 30 de agosto, em São Paulo, e que recorda os 50 anos da festa considerada o marco zero do hip hop, comemorada em 11 de agosto.
Segundo KL Jay, “o hip hop começou como uma coisa mais festiva, depois ele veio para um lance lírico, de letra, e depois veio com um lance político, e foi abrangendo outros temas”.
“O hip hop revolucionou a vida dos jovens negros do mundo inteiro. Dos brasileiros também. A cultura hip hop (revolucionou), porque engloba os elementos artísticos, a música, a dança, a pintura e outros”, frisou o artista.
O rapper também destaca que o rap ensinou a ele como ter uma visão mais empresarial sobre a música, a partir de exemplos de artistas norte-americanos que criaram seus próprios selos discográficos e marcas de roupas para não ficarem presos às exigências das grandes gravadoras.
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KL Jay está participando da segunda edição do Festival Sample, que acontece até o dia 30 de agosto, em São Paulo
“A identificação e a paixão pela cultura acabou se tornando um lance profissional, porque o pessoal começa a te chamar para você se apresentar, e você vai se sofisticando em relaçãoa isso”, comenta KL Jay.
Para o músico, “o hip hop salvou muita gente” e por isso considera importante o seu reconhecimento como um elemento fundamental da cultura paulistana, paulista e brasileira.
“A coisa da lírica, da mensagem, de contar histórias, de estar sintonizado com a rua, isso gera uma identificação muito forte, o rap é como se fosse o pai que muita gente não teve, ou o irmão mais velho que a gente não teve ou que faleceu. Através das mensagens e das histórias, muita gente se identificou e o movimento salvou as vidas dessas pessoas”, ressaltou.
O artista também falou sobre o movimento negro, a luta contra o racismo e os problemas sociais das periferias das grandes cidades brasileiras. Para ele, a solução para acabar coma violência nos bairros mais vulneráveis não passa pela desmilitarização da Polícia Militar.
“A solução é ter um plano a médio ou longo prazo para acabar com a desigualdade no país. O PIB do Brasil é de um trilhão de dólares, é o país com o maior PIB da América do Sul, e tem essa miséria? Tem alguma coisa errada. Esse nível de miséria só pode ser fruto de corrupção e falta de distribuição econômica”, comentou o rapper.