O programa 20 MINUTOS desta sexta-feira (04/08) entrevistou o advogado Roberto Tardelli, membro da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil paulista (OAB-SP), ex-procurador e membro do Grupo Prerrogativas.
A conversa com o apresentador Breno Altman girou em torno das revelações mais recentes a respeito da Operação Lava Jato, mostrando novas irregularidades cometidas pela força-tarefa liderada por Deltan Dallagnol e pelo juiz Sérgio Moro.
Apesar dessas novidades aumentarem o desprestígio sobre a operação e seus protagonistas, Tardelli considera que não se deve ter uma visão maniqueísta a respeito da Lava Jato.
“Claro que a operação não tem mais a força que já teve, houve um momento em que ela era a verdade oficial do país, mas ela ainda consegue manter os efeitos daquele período. A Lava Jato vai demandar uma geração (para ser totalmente encerrada)”, comentou o jurista.
Segundo Tardelli, “os prejuízos que a Lava Jato causou, e não falo só do prejuízo econômico, com o encerramento das atividades econômicas, com o fechamento de empresas, não me refiro só a isso mas do meu galinheiro político (direitos humanos), o que a Lava Jato fez (nesse âmbito) foi um trabalho de corromper consciências, e isso vai demorar muito tempo para a gente recuperar”.
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Roberto Tardelli
Sobre a mudança de postura do Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito da Lava Jato a partir de 2021, quando a corte suprema brasileira deixou de referendar as decisões da operação e passou a mostrar uma postura mais crítica, o advogado acredita que isso se deve a uma certa soberba dos procuradores.
“A Lava Jato chegou a um ponto em que ela emitia comunicados oficiais. Sendo que ela era somente um grupo de procuradores do Ministério Público. Quem tem que falar sobre o Ministério Público é o procurador geral de cada estado, ou o Procurador Geral da República, no caso do Ministério Público Federal. A Lava Jato foi se fortalecendo como um sistema à parte. Começou a crescer tanto, o monstro começou a ficar tão voraz, que ele quase engole os tribunais”, comentou Tardelli, para explicar em que momento os ministros do STF passaram a criar certa resistência às decisões da força-tarefa.