O jornalista e escritor Franklin Martins foi o convidado do 20 MINUTOS desta segunda-feira (20/03) para uma entrevista para desvendar as ligações históricas entre a política e a música brasileira.
Durante a conversa com Breno Altman, que abordou as origens da música brasileira mais contemporâneas, Martins apontou uma diferença nas obras: “eu me dei conta de que a nossa música, em grande parte por causa do carnaval, têm uma tradição de crônica”.
O jornalista afirma, também, que durante a ditadura brasileira (1964-1985), houve um “período musical riquíssimo”, destacando ainda que, mesmo quando não havia “grande coisa”, ainda existia uma “cobertura sobre política”.
Veja entrevista na íntegra:
Para dar um exemplo de obra musical política, Martins traz a marchinha História do Brasil, de 1934, composta por Lamartine Babo (1904-1963), que ao perguntar “quem foi que inventou o Brasil?”, levanta a questão da miscigenação.
Antonio Cruz/Agência Brasil
Franklin Martins foi o convidado do 20 MINUTOS desta segunda-feira (20/03)
Ao ser perguntado se é possível detectar a origem da música política brasileira, e se há uma conexão entre seu nascimento e o carnaval, Martins responde que não. “O que organiza este processo dispersivo, tumultuado, é, a partir de 1850, importação de músicas, operetas, cançonetas da França ao Rio de Janeiro”. disse.
“Nós passamos a ter grandes autores, que no início faziam músicas ligeiras, copiando da França e dos Estados Unidos, abrasileirando os personagens, e iam fazendo”, continuou.
Martins lembra, então, do artista Artur de Azevedo, que em 1880 escreveu Os Noivos, uma ópera cômica que satirizava Dom Pedro II.
O jornalista destacou que as músicas políticas tinham um objetivo claro: “não são dois partidos”, as obras criticavam o que Martins chama de um “poder altamente centralizado e distante do povo”.
“Há uma disputa de valores, mas não de dois partidos. É o povo, não se intimidando. […] É a cultura fazendo valer um espírito crítico e uma dúvida”, definiu o escritor.