O programa 20 MINUTOS desta segunda-feira (27/03) entrevistou sociólogo e historiador Marcelo Ridenti, professor titular do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de Campinas (Unicamp), autor de vários importantes livros acadêmicos, como “Brasilidade Revolucionária”, “O Fantasma da Revolução Brasileira” e “Em Busca do Povo Brasileiro”, entre outras.
Contudo, a conversa comandada pelo apresentador, o jornalista Breno Altman, teve como foco o lançamento recente do seu primeiro romance, “Arrigo”, obra publicada pela editora Boitempo.
Já na primeira pergunta da entrevista, Ridenti conta que o livro nasceu da ideia de “criar um personagem fictício no qual eu pudesse sintetizar um pouco da história do Século XX e da esquerda brasileira no Século XX na história desse personagem”.
“O desafio em ‘Arrigo’ era resgatar muito daquilo que eu escrevi na minha obra acadêmica, que você recordou na introdução deste programa, mas não com comprovações empíricas, com demonstrações de teses mas através das histórias dessas personagens, pelos seus casos amorosos, por suas brigas, pelas suas alianças, pelas suas redes de amizade estabelecidas… tentei arcar com esse desafio e agora são vocês leitores que vão poder dizer se eu fui bem sucedido”, contou o escritor.
Léo Ramos Chaves / Revista Fapesp
Arrigo, protagonista do livro de Ridenti, foi criado para ‘sintetizar a história da esquerda brasileira no Século XX’, segundo o autor
Ridenti também dá alguns detalhes sobre o Arrigo, seu personagem principal e que dá nome ao romance recentemente lançado.
“Ele é um senhor de mais de cem anos de idade, que viveu todas as lutas do Século XX, desde a grande Greve Geral de 1917 em São Paulo, passando pela luta contra o governo do Artur Bernardes, depois se envolveu no que os conservadores chamaram de Intentona Comunista (1935), depois vai para a Espanha e para a França, lutar na resistência, depois volta ao Brasil, entra na guerrilha, enfim…”, descreve o autor.
Perguntado sobre se a síntese histórica da esquerda brasileira no Século XX é a do “fracasso heróico”, Ridenti diz que “no caso do Arrigo sim”.
“Eu não quero cultivar o fracasso, mas tem um certo lado que é constatável, o que não quer dizer que não vale a máxima de que ‘as derrotas ensinam para futuras vitórias’. O próprio Arrigo [no livro] diz ‘não é possível que a humanidade vai terminar com um sistema produtor de mercadorias, no qual as pessoas não valem nada e as coisas valem tudo”.