No programa 20 MINUTOS ANÁLISE desta terça-feira (05/10), o jornalista e fundador de Opera Mundi, Breno Altman, avaliou a jornada nacional de mobilizações convocadas pela Campanha Fora Bolsonaro no último dia 2 de outubro – a sexta desde maio.
A principal novidade das manifestações foi o esforço de ampliação da convocação, buscando atrair lideranças e partidos de outros blocos políticos, incluindo setores da oposição de direita, mas Altman questionou a força real das mobilizações.
Segundo ele, sem oferecer um rumo claro de mudanças, o “Fora Bolsonaro” só está conseguindo levar a vanguarda às ruas.
“Talvez um passo fundamental para começar a estabelecer outra dinâmica seja uma palavra de ordem que mostre claramente a natureza da luta: derrubar esse governo, nas ruas e nas urnas, para reconstruir a democracia e estabelecer um novo modelo de desenvolvimento”, argumentou. “Isso significaria adotar a palavra de ordem ‘Fora Bolsonaro! Por um governo democrático e popular! ‘. “
Para ele, os palanques, que estão ganhando horizontalidade no número de partidos e lideranças, deveriam ganhar verticalidade, “combinando a defesa da democracia com um objetivo de refundação nacional a partir das questões do povo”, finalmente encantando e mobilizando as grandes massas, além de unificar a luta.
Pensando nisso, o jornalista ponderou sobre os problemas que enfrenta a oposição de esquerda para chegar até esse ponto. De acordo com Altman, existem duas questões principais.
A primeira delas está na própria dificuldade de mobilização para além da vanguarda político-social: “O fato é que o povo não acredita na chance de impeachment, parece já ter precificado o governo Bolsonaro até 2022, jogando seus esperanças e energias nas urnas presidenciais”.
A segunda seria o fato de haver confusão entre a própria oposição de esquerda, disseminada, segundo o fundador de Opera Mundi, pelos que defendem a tese da frente ampla contra Bolsonaro, já que o único ponto de compromisso com a oposição de direita, “que foi aliada do bolsonarismo no golpe de 2016 e segundo turno de 2018”, seria a luta pelo impeachment, que sequer é abraçada pelos principais partidos desse setor.
Roberto Parizotti/ Fotos Públicas
Breno Altman fez um balanço da jornada de 2 de outubro, levando em consideração possíveis limitações da esquerda
“Separar a luta contra o neofascismo do combate ao neoliberalismo retira potência do discurso progressista, o afasta dos problemas do povo – desemprego, queda de renda, precarização dos serviços públicos”, enfatizou.
2 de outubro
O jornalista fez um balanço da jornada do dia 2 de outubro. Apesar dos números oficiais ainda não terem sido divulgados pela organização, ele reconheceu que algumas cidades apresentaram resultados excelentes. “No cômputo geral, porém, devemos reconhecer que não houve uma mudança qualitativa em relação às cinco jornadas anteriores e tampouco foi a maior entre essas. São Paulo e Brasília pesaram bastante para essa avaliação, com mobilizações inferiores às previstas”, lamentou.
Entretanto, se tratam de atos políticos com mais força do que aqueles convocados pela oposição de direita, no dia 12 de setembro, e em mais cidades do que as concentrações bolsonaristas do dia 7, embora com menos gente.
“Uma conclusão simples que podemos tirar: após as manifestações da extrema-direita, da terceira via e da oposição de esquerda, o cenário político não sofreu nenhuma alteração relevante”, defendeu, enxergando a contradição principal como ainda sendo entre a oposição de esquerda e o bolsonarismo.
De acordo com Altman, esse cenário se desenvolverá sob forte tensão e somente a mobilização popular pode garantir que a extrema-direita seja derrotada nas ruas e nas urnas.