O programa 20 MINUTOS desta segunda-feira (07/08) teve como entrevistada a socióloga Jacqueline Sinhoretto, coordenadora do Grupo de Estudos sobre a Violência e Administração de Conflitos (GEVAC) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
O tema da conversa foram o recente caso ocorrido em Guarujá, no Litoral de São Paulo, onde um grupo de policiais militares matou 16 pessoas, em uma operação que, segundo a alegação da instituição, se tratava de uma “investigação pela morte de um policial”.
O caso tem repercutido pelo fato de que algumas das vítimas da polícia não possuíam qualquer ligação com o crime anterior, o que levou algumas entidades defensoras dos direitos humanos a qualificá-lo como uma chacina cometida pela instituição, que é comandada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Segundo a convidada, que é especialista em temas de segurança pública, “além do caso de São Paulo, nós tivemos ações policiais recentes na Bahia e no Rio de Janeiro, nas quais também houve mortos, e isso é muito preocupante, porque é uma situação que transcende o cenário do Estado de São Paulo, embora, no caso de São Paulo, posso dizer que o que aconteceu tem uma clara relação com a política de segurança pública do governador Tarcísio (de Freitas) e do secretário de Segurança, Guilherme Derrite”.
“A Polícia Militar de São Paulo se recusou a entregar as imagens das câmeras dos policiais que participaram da operação no Guarujá, o que é uma situação curiosa, porque eu acho que por lei ninguém pode se negar a entregar imagens solicitadas em uma investigação pelo Ministério Público, portanto, estaríamos falando de uma ação deliberada visando dificultar as investigações”, comentou a socióloga.
Para Sinhoretto, “as polícias militares estão ganhando um protagonismo cada vez maior (na sociedade) e isso vem acontecendo durante o período democrático. É uma instituição que foi criada durante a ditadura militar, mas que tem se fortalecido muito mais nos últimos anos, com muitos recursos injetados em políticas de segurança pública que não foram distribuídos igualmente em programas de prevenção ao crime ou de assistência às vítimas, e também não houve um investimento paralelo na polícia de investigação, que são as polícias civis”.