O programa 20 MINUTOS desta quinta-feira (03/08) teve como convidado o historiador Luiz Bernardo Pericás. professor do Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP) e autor de diversos livros, entre eles “Che Guevara e a luta revolucionária na Bolívia”, que está sendo republicado pela Editora Boitempo.
O tema da entrevista foi justamente a passagem do médico e guerrilheiro cubano-argentino pela Bolívia, para tentar ajudar na tomada do poder por parte dos grupos revolucionários que atuavam no país andino.
Pericás conta que o livro “foi produzido na época em que se comemoravam os 30 anos da morte do Che Guevara, e naquela época foram lançadas biografias importantes, escritas por autores como Jorge Castañeda, Jon Lee Anderson. Havia um interesse muito grande no tema”.
“A ideia inicial do Che não era iniciar uma revolução propriamente na Bolívia naquele momento. A revolução na Bolívia seria uma segunda etapa. A ideia inicial era criar um espaço onde eles treinariam guerrilheiros para formá-los como combatentes internacionalistas”, explica o historiador.
Editora Boitempo
Luiz Bernardo Pericás teve seu livro sobre a passagem de Che Guevara pela Bolívia republicado recentemente
Pericás também contesta algumas biografias escritas por autores conhecidos por sua ideologia neoliberal, como Jorge Castañeda, que defendem a ideia de que Che Guevara tinha fortes divergências com Fidel Castro e que essa teria sido a razão pela qual ele deixou Cuba nos Anos 60 e passou a apoiar movimentos revolucionários em outros países, como a Bolívia e o Congo.
“Vamos lembrar que o Che (após a vitória da Revolução Cubana, em 1959) foi presidente do Banco Nacional (de Cuba), ministro da Indústria, encabeçou várias delegações diplomáticas cubanas, representou Cuba na Conferência Interamericana Econômica e Social da OEA (Organização dos Estados Americanos) em Punta del Este (1961), discursou como representante de Cuba na Assembleia Geral das Nações Unidas (1964). Olha a importância que o Fidel dá a ele”, comentou o historiador.