Nesta sexta-feira (02/06), o programa 20 MINUTOSO recordou o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff [hoje presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, ou Banco do Brics], ocorrido entre abril e agosto de 2016.
O diretor de redação de Opera Mundi, Haroldo Ceravolo Sereza, conversou com o cientista político Fernando Limongi, professor titular do Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) e professor da Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
O acadêmico lançou recentemente o livro “Operação Impeachment – Dilma Rousseff e o Brasil da Lava Jato” pela Editora Todavia, no qual analisa aquele evento e suas consequências para a vida política do país.
Segundo Limongi, “a gente tem uma carência de explicações sobre o impeachment que vão a fundo nesses conflitos que acabaram determinando a derrocada da presidente Dilma. Isso retorna ao primeiro mandato dela para mostrar como ali já se desenha um conflito que vai se acelerar e se agudizar no segundo mandato e que vai minando a sua base de sustentação até que ela acaba ruindo em fevereiro e março de 2016”.
“O movimento inicial da Dilma é para tentar salvar o projeto dela de industrialização nacional baseada na Petrobras, impondo uma administração mais eficiente na empresa por meio da nomeação da Graça Foster e a demissão dos três diretores nomeados pelos partidos políticos e sua substituição por técnicos. O resultado dessa briga foi a inviabilização total desse projeto, porque ela vai acabar apoiando a (Operação) Lava Jato, que vai revelando os problemas do período anterior. A Lava Jato se ocupa só do passado, ela não investiga do Governo Dilma”, analisou o cientista político.
Limongi também defende em seu livro que uma das principais figuras dentro do processo, o então senador Romero Jucá (PMDB-AP), foi tão ou mais importante que o próprio Michel Temer, que assumiria a Presidência depois da queda de Dilma. Para ele, o famoso áudio onde o parlamentar confessa sua intenção de buscar “um grande acordo nacional, com o Supremo [STF], com tudo” revelou um plano que o autor da frase colocou em prática de forma bem sucedida.
“O Jucá foi o principal articulador dentro do PMDB. O Temer foi mantido em uma posição ornamental dentro do partido, o Jucá assumiu a presidência e foi ele que fez a articulação do impeachment”, recorda o cientista político.
Outro elemento enfatizado pelo convidado foi a influência da Operação Lava Jato, que criou o clima político no país que foi aproveitado pelos setores que pretendiam realizar o impeachment de Dilma.
“Sem a investida da Lava Jato, sem que a Lava Jato partisse para cima de todos os políticos, e partisse de duas frentes, de Curitiba e de Brasília, ameaçando a esquerda e a centro-direita, não se criaria o clima para fomentar essa missão de salvamento de um grupo político, mesmo que essa missão tenha dado certo apenas parcialmente, porque depois a Lava Jato de Brasília foi para cima desse grupo”, relata Limongi.