O jurista e filósofo Alysson Mascaro é o convidado do programa 20 MINUTOS desta segunda-feira (01/05), Dia do Trabalhador, para falar sobre a mobilização da classe trabalhadora.
No 1º de maio, vive-se um dilema. A crise do capitalismo se aprofunda em todos os quadrantes da terra, apodrecendo as sociedades e impulsionando retrocessos de todos os tipos – econômicos, sociais, políticos, culturais e morais. No entanto, apesar desse cenário, e ao contrário do que ocorreu em outros ciclos, ainda é baixa a reação das massas trabalhadoras e não se vislumbra, nos movimentos existentes, uma perspectiva de ruptura e superação da ordem capitalista.
O também professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e um dos principais pensadores socialistas do país começou a conversa com o jornalista Breno Altman sobre a falta de revolta dos trabalhadores diante do sistema capitalista nos dias atuais.
Segundo ele, uma luta social precisa ser baseada tanto nos fatores de “objetividade da reprodução social, quanto na subjetivação dos agentes em luta”. Isso significa que atualmente, apenas linhas de raciocínio que se baseiam em apenas um desses fatores têm vigorado.
“A linha economicista crê que só porque já vivemos uma crise estrutural do capitalismo, a revolução socialista virá naturalmente. Já a linha subjetivista acredita que não importa o que aconteça, a classe trabalhadora poderá ser mobilizada apenas na base do refrão”, declara Mascaro.
Questionado por Altman sobre o verdadeiro teor socialista das lutas do século XX, o jurista afirma que “essa constatação de que foram mais nacionalista para solução de problemas internos do que propriamente socialistas é verdadeira e evidencia que até agora, o mundo não conseguiu ter uma luta para escapar do capitalismo”.
O pensador ainda aponta para o perigo da falta de lutas sociais: “Havendo o vácuo da luta da classe trabalhadora, o capitalismo sempre chega ao fascismo e as margens da extrema direita”.
Instagram/Alysson Mascaro
Jurista e filósofo Alysson Mascaro é convidado do programa 20 MINUTOS desta segunda-feira (01/05)
Após analisar a realidade de falta de lutas trabalhistas no capitalismo atual, o professor aponta que a fase vivida atualmente pelo nosso sistema econômico é o que chama de “pós-fordismo” em seus livros publicados pela editora Boitempo.
“Neste modelo, quanto mais crise, mais lucro. Porque quando as frações do capital quebra, os Estados do mundo as salvam. O Silicon Valley Bank, dos Estados Unidos, repentinamente quebrou e o governo norte-americano o salvou em um segundo”, exemplifica.
Ainda caracterizando a crise econômica atual, Mascaro declara que o “capitalismo está em crise para todos, menos para os que lucram”.
Por fim, Mascaro afirma que a eleição do presidente Lula abre uma nova etapa de lutas da classe trabalhadora brasileira, mas que isso não é o suficiente.
“Abre uma nova etapa na medida que tira da frente, provisoriamente, o bolsonarimso e o golpe de 2016. Mas também não tem nenhuma contribuição especial para as condições revolucionárias uma vez que sequer palavra socialismo é falada”, conclui.