O jornalista e fundador de Opera Mundi, Breno Altman, recebeu no programa 20 MINUTOS desta quinta-feira (13/04) o teólogo e escritor Frei Betto para uma entrevista com o tema “como organizar o povo?”.
Questionado por Altman sobre quais fatores, em sua opinião, levaram à baixa resistência popular ao golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff e à prisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o escritor aponta para a falta de leitura específica do governo petista durante as manifestações de 2013.
“O governo do PT não foi capaz de entender e ler de forma correta aquele protesto que era justo e legítimo – estudantes que há muito tempo não se mobilizavam, lutando para evitar o aumento das tarifa de ônibus). Mas de repente aquilo tomou uma proporção fantástica de mobilização nacional, mas sem nenhuma liderança aparente. As pessoas saíram às ruas sem discurso ou bandeiras políticas. O governo não soube trabalhar oportunamente essa ocasião, e com isso a direita conseguiu angariar essas forças populares e monitorá-las, resultando no golpe contra a Dilma e posteriormente na eleição de Jair Bolsonaro”, analisa.
Na opinião de Betto, lula está obedecendo ao papel que deveria ter em relação à mobilização popular. “Ele mobilizou a Secretaria Geral em função da participação social e reativou uma série de mecanismos como Conselhos Nacionais. Mas tudo vai depender dos movimentos que tem demonstrado interessem em participar dessa mobilização”, declara.
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Teólogo e escritor Frei Betto é convidado de Breno Altman no 20 MINUTOS desta quinta-feira (13/04)
Debatendo se a política econômica do governo Lula ajuda ou atrapalha a mobilização social, o teólogo acredita que caso seja realizada como tem sido anunciada, “vai ajudar muito”.
“Se a reforma tributária pegar os ricos, acabar com as exonerações de grandes empresas, pegar privilegiados e até tributar as igrejas e religiões, pode ajudar. Não vejo nenhuma razão porque no Brasil as religiões tenham total isenção tributária. Diria até como religioso que sou, que isso facilita o tráfico de negócios e a lavagem de dinheiro, na medida que não há conrole fiscal a essas finanças”, conclui