A dirigente nacional do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Liu Durães foi a convidada do 20 MINUTOS desta quinta-feira (04/05).
O fundador de Opera Mundi, Breno Altman, e a entrevista debateram a relação entre a CPI do MST e a bancada ruralista no Congresso brasileiro.
Segundo Liu, “A CPI [do MST] é mais uma tentativa da extrema direita, que foi derrotada nas urnas em 2022, de construir um palanque para fazer seus discursos de ódio. Eles tentam, mais uma vez, colocar o MST no centro desse debate na tentativa de estimular a criminalização dos movimentos sociais que lutam neste país”.
“A gente sabe que é uma CPI sem causa determinada, portanto ela é ilegal. Está é a quinta CPI que o MST enfrenta, então nós sabemos e toda a sociedade brasileira sabe que não há fato determinado e que o MST é um movimento popular que luta e se organiza há quase 40 anos, e nenhuma dessas CPIs nunca conseguiu provar nada, contra nenhum militante, contra nenhum assentado, contra nenhuma entidade do nosso movimento”, afirmou a dirigente social.
MST
Liu Durães defendeu as ações do MST em defesa da reforma agrária no Brasil, e criticou as manipulações da bancada ruralista no Congresso
Liu também fez um balanço dos atos realizados pelo MST durante o chamado “Abril vermelho”, mês em que, tradicionalmente, o movimento realiza diversos atos em defesa da reforma agrária, sua principal reivindicação.
“Este ano tivemos uma retomada dos processos de luta em defesa da reforma agrária. É importante lembrar que o ‘Abril Vermelho’ tem esse nome devido a um processo de lutas que o MST fez há 27 anos e que resultou no massacre em Eldorado dos Carajás, com 21 sem-terra assassinados. Desde então, todo abril é mês de nós denunciarmos as injustiças. Naquele dia [em 1996], ele foi literalmente vermelho, com o sangue dos nossos mortos. Desde então, nós dedicamos o mês de abril a lutar por justiça para os nossos mortos, e justiça para nós é reforma agrária popular”, recordou a dirigente.
A ativista criticou a forma como a mídia e os setores de direita distorceram as informações a respeito das ações do MST durante o mês de abril, com o objetivo de criminalizar o movimento. Ela usou o caso da ocupação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) como exemplo dessa manipulação.
“A ocupação da Embrapa não foi para fazer ali um assentamento [como disseram algumas figuras da direita], foi para denunciar os descasos com as áreas e com as empresas públicas que têm responsabilidade de fazer pesquisa para o campo. A Embrapa tem que fazer pesquisa também para a agricultura familiar, não podemos ter uma empresa como essa fazendo pesquisa somente para o agronegócio”, frisou Liu.