Governador eleito do Ceará, o petista Elmano de Freitas ambiciona levar o ensino médio em período integral a 100% dos estudantes da rede pública cearense, segundo afirmou em entrevista a Breno Altman no programa 20 MINUTOS desta sexta-feira (28/10).
Em 16 anos de governos de aliança entre PT e PDT, o Ceará se tornou o estado mais bem-sucedido do Brasil em termos de educação pública, e oferece atualmente o regime integral a 60% de seus estudantes.
Segundo Freitas, a eventual eleição de Luiz Inácio Lula da Silva no domingo (30/10) permitirá a aceleração do processo, que tem aparecido com frequência no discurso do candidato petista à Presidência. Outro ponto prioritário, para ele, será a implementação estadual e nacional de políticas públicas inovadoras, que se desenvolvam de mãos dadas com os movimentos sociais organizados.
“Um desafio para os nossos governos, inclusive o que vou iniciar, é abrir de maneira mais intensa a participação popular, de maneira plural”, afirma. Cooperativas de habitação rural, cozinhas solidárias e campanhas de combate à fome são exemplos de formas participação política direta que os movimentos sociais podem encampar.
Para Freitas, trata-se de uma questão de sobrevivência para o PT, após os aprendizados deixados pelo ciclo de governos dos anos 2000 e 2010. “Sofremos muito por fazer políticas públicas muito importantes e descuidar do trabalho organizativo e de formação política de novas lideranças. Se não fizermos isso ficaremos superados”, disse.
Edson Júnior Pio
Governador eleito do Ceará, o petista Elmano de Freitas ambiciona levar o ensino médio em período integral a 100% dos estudantes
Questionado por Altman sobre o fato de o PT ter conquistado hegemonia no Nordeste, mas perdido espaço no Sul e no Sudeste (onde o partido foi fundado), o governador eleito formulou uma hipótese que combina o sucesso das gestões federais petistas no conjunto da economia do país. “O neoliberalismo diminuiu o peso da indústria brasileira e o peso do operariado, gerando grandes dificuldades na organização da classe trabalhadora tradicional”, começa.
Quanto à eleição nacional, Freitas prevê dificuldades para que Jair Bolsonaro questione as urnas eletrônicas, em caso de derrota. “Com o resultado do primeiro turno e a eleição de vários parlamentares e governadores do bolsonarismo, vai ficar difícil para ele explicar por que aceita o resultado para deputados e governadores e não para a presidência”, afirmou.
Uma tarefa a mais para o campo progressista pós-eleições será, então, reforçar a luta contra o bolsonarismo, que deve permanecer vivo e atuante no próximo período: “é uma força política na sociedade, mas espero que outras forças possam ocupar esse espaço infelizmente ocupado por uma extrema direita despreparada e descomprometida com a democracia e as instituições”.