O deputado federal Glauber Braga, reeleito pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) do Rio de Janeiro, opõe-se à ocupação de cargos por seu partido dentro do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, apesar da leganda integrar a frente ampla que deu vitória ao candidato do PT.
Em seu ponto de vista, a independência política é necessária para que o PSOL não se deixe enquadrar e mediar pelo governo central e possa exercer as tarefas prioritárias de oposição à extrema direita de inspiração fascista representada por Jair Bolsonaro, combater o avanço do chamado centrão e enfrentar correntes neoliberais e ultraliberais abrigadas no interior da própria coalizão.
“Há unidade na esquerda para garantir a posse de Lula, e há diferenças no que diz respeito à política que será colocada em prática e às alianças que se constituem para isso”, resumiu Braga, em entrevista a Breno Altman, no programa 20 MINUTOS desta quinta-feira (10/11).
Em campanha contra a reeleição de Arthur Lira (PP-AL) à Presidência da Câmara dos Deputados, o psolista defende que este é o momento crucial para que a esquerda lute por desmontar a representação de Lira como articulador do orçamento secreto e da aplicação da agenda ultraliberal no país:
“Defendo a tese de que permitir a permanência dele é dar vitamina de banana para quem vai nos atacar na próxima esquina, com muita força. É Lira que precisa agora, então ele faz aceno à oposição a Bolsonaro por necessidade política de reeleição. Depois que estiver na cadeira, o jogo é outro, e ele volta à ofensiva”, disse.
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‘Há unidade na esquerda para garantir a posse de Lula’, disse Braga no 20 MINUTOS
Desta vez, para Braga, não se trata de fazer oposição cerrada ao governo e ao PT, partido do qual o PSOL se desprendeu em 2004, durante a primeira gestão Lula. O adversário em comum, para ele, seguirá sendo o mesmo que levou à articulação da frente ampla no período eleitoral: “temos que compreender o que estamos enfrentando e enfrentar prioritariamente as estruturas que deram sustentação a Bolsonaro”.
À parte, a força política de 49,1% dos votos obtidos, o lado adversário também enfrenta dificuldades: “do ponto de vista institucional, as tentativas de Bolsonaro de um terceiro turno estão bastante fragilizadas. Vão continuar apelando e tentando desestabilizar, e nesse sentido dar sustentação ao governo de Lula é fundamental”.
A despeito das posições defendidas por Braga, quadros do PSOL já começam a participar da equipe de transição de governo, o que, segundo ele, foi deliberado internamente pelo partido. “Já houve uma votação, que, por 10 votos a nove, disse que o PSOL entraria na transição. Tentar influenciar com agendas positivas na transição me parece uma necessidade, não necessariamente participando dela”, contemporiza.
Sua posição particular foi de não participar da transição, devido ao caráter indicativo de participação plena e de entrada no governo que o gesto daria. A decisão definitiva sobre se o PSOL integrará ou não o governo Lula deve acontecer em dezembro.