Para o deputado federal eleito Lindbergh Farias, do PT fluminense, o grande desafio do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva é tirar o Brasil do neoliberalismo, e a primeira grande batalha nesse sentido será a indicação do ministro da Economia.
“Lula teve sabedoria e resistiu às pressões para anunciar um nome qualquer durante a campanha. Esse é o primeiro problema que vamos ter na aliança ampla. Não podemos abrir mão de uma agenda transformadora, que mude a vida do povo, gere empregos, combata a fome. Foi para isso que Lula foi eleito. Precisamos aumentar nossa força na sociedade, e para isso temos que ter o ministro da Economia”, afirmou em entrevista ao programa 20 MINUTOS desta quinta-feira (03/11), com Breno Altman.
Farias prevê que o novo governo ficará sob cerco permanente, não só por parte do bolsonarismo, mas também de setores neoliberais, inclusive os que se aliaram ao PT na frente ampla
“Onde estava o neoliberalismo quando jogaram dinheiro pela janela nesse processo eleitoral? Fico impressionado como a elite brasileira é tolerante quando Jair Bolsonaro faz isso. Esses caras daqui a pouco vão começar o discurso da austeridade econômica para tentar nos aprisionar, inclusive aliados recentes nossos. Se cedemos nisso, nosso governo será um fracasso, porque a a política neoliberal de austeridade não vai resolver os problemas da vida do povo ”, afirma.
De acordo com o deputado eleito, Lula terá habilidade para construir maioria no Congresso Nacional, mas essa não será a disputa mais importante a enfrentar, e sim a luta por manter o apoio da sociedade. A popularidade do presidente eleito dependerá do cumprimento de compromissos de campanha para atender as necessidades urgentes da população, ou seja, de investimento econômico.
Alessandro Dantas
Precisamos aumentar nossa força na sociedade, diz deputado eleito pelo PT carioca
Sem maioria parlamentar e sob cerco neoliberal, o próximo governo terá de se alicerçar na mobilização popular permanente, algo que o bolsonarismo já construiu.
Farias defende que o PT e a esquerda mobilizem a sociedade não para desobstruir estradas ocupadas pela extrema direita fanatizada sob financiamento empresarial, mas a partir de bandeiras propositivas. “Tem uma energia muito grande do nosso lado também. Não é só o bolsonarismo que mobiliza gente, você viu a comemoração na avenida Paulista. Não podemos deixar esse povo desmobilizado. Temos que ocupar as ruas festejando a vitória de Lula e da democracia antes de assumir o governo”, propõe, citando o “carnalula” marcado para este domingo (06/11) em Copacabana, no Rio.
O agora deputado federal promete se empenhar pessoalmente nessa tarefa, rodando o país e atuando na organização de movimentos populares. Essa, em sua avaliação, deve ser a prioridade do Partido dos Trabalhadores no próximo período.
Farias encara a eleição de Lula como uma vitória dentro do processo golpista iniciado em 2016 e ainda não debelado. Ele expressa confiança em que o novo presidente saberá atravessar a montanha de obstáculos à frente e não cometerá os mesmos erros que marcaram seus governos anteriores. O governo não deve se iniciar, por exemplo, com medidas para acalmar o mercado, como em 2003: “estou muito otimista. Lula aprendeu muito, não está iludido com as elites brasileiras”.