O programa 20 MINUTOS desta terça-feira (18/04), apresentando pelo diretor de redação de Opera Mundi, Haroldo Ceravolo Sereza, contou com a participação do pesquisador do Instituto Tricontinental Marco Fernandes, que detalhou alguns pontos da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China.
Lula esteve no país asiático entre 13 e 14 de abril, participando da posse de Dilma Rousseff como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), além de se encontrar com o seu homólogo Xi Jinping.
No total, 15 acordos bilaterais foram assinados em diversas áreas, como a cooperação para o desenvolvimento de tecnologias, intercâmbio de conteúdos de comunicação e ampliação das relações comerciais, além dos acertos entre empresas brasileiras e chinesas.
Veja entrevista na íntegra:
Para o especialista, a efetividade desses acordos vai depender das autoridades dos países e de seus Ministérios, apontando que, no caso brasileiro, terá que haver uma “estratégia do Estado em relação aos acordos”, pois, segundo ele, precisa haver uma necessidade de ir “além das commodities”.
“A gente sabe que a relação entre Brasil e China está marcada por um padrão dos últimos anos que não é melhor ao Brasil, pois é basicamente venda de commodities. O Estado brasileiro vai ter que lidar com essa questões. É evidente que esses acordos, vários deles, é uma tentativa de romper com esse padrão. E eu acho muito importante que o lado brasileiro demonstrou consciência que precisamos ir além das commodities na relação Brasil e China. Cabe ao Estado brasileiro tomar as rédeas desse processo”, disse.
Fernandes apontou que, para ele, o ponto de destaque da viagem de Lula a Pequim foi a “mensagem política que ele deu”. O pesquisador recordou a fala do presidente durante a posse de Dilma no NDB, no qual o petista fez críticas à hegemonia do dólar e à postura do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Após o evento, Fernandes relembrou que Lula e a comitiva brasileira saíram da posse e foram visitar o centro de desenvolvimento da empresa de tecnologia Huawei, que é a “companhia chinesa que mais sofre sanções dos Estados Unidos há três anos”.
Já sobre a Guerra na Ucrânia, Fernandes acredita que terá uma atuação conjunta de Brasil e China para a mediação do fim do conflito entre Rússia e Kiev. A afirmação do pesquisador se dá pelas declarações dos países, apontando que há “uma intenção verdadeira, sabendo que o papel da China é de protagonista nessa negociação”.
“Sabemos que o presidente Lula, como liderança, vai ter um papel muito importante nisso que ele chamou de ‘grupo da paz’, que eu acho tem condições de avançar. Claro que sabemos que a Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte] continua querendo estender essa guerra. Por outro lado também já há um certo esgotamento dos Estados Unidos em relação à guerra: primeiro por conta dessa ajuda permanente com milhões de dólares, e segundo por que a capacidade industrial dos EUA está ruim, não consegue repor estoque. Isso vai ter um papel nos próximos meses de esgotamento”, afirmou.