Nesta quarta-feira (08/02), o programa 20 MINUTOS recebeu o cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest Consultoria e Pesquisa, especialista em estratégia e comunicação política e Ph.D. em Ciência Política pela Universidade da Califórnia (UCLA), além de professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Na entrevista com o jornalista Breno Altman, Nunes analisou o momento atual que vive o bolsonarismo após uma série de derrotas, não apenas nas urnas, na eleição de 2022, como também em suas estratégias para tentar impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, ou para tentar um golpe de Estado contra o novo presidente, como a que fracassou no dia 8 de janeiro passado.
Perguntado sobre se a queda de popularidade de Jair Bolsonaro após a intentona golpista era um fenômeno passageiro ou uma tendência irreversível, Nunes respondeu com uma referência aos índices medidos pela plataforma norte-americana You Gov após a invasão do Capitólio nos Estados Unidos, em janeiro de 2021.
“Dias após aqueles acontecimentos, uma pesquisa muito similar a essa que nós fazemos afirmou que apenas 9% dos norte-americanos concordavam com aquelas manifestações. Com o passar do tempo a plataforma foi atualizando a pesquisa, repetindo a pergunta, e a última edição, há algumas semanas, mostrou que já há mais de 40% de apoio àquelas manifestações”, lembrou Nunes.
Arquivo pessoal
Felipe Nunes defende que cenário político brasileiro não vive uma ‘`polarização’ e sim uma ‘calcificação’ dos setores petista e antipetista
Apesar disso, o cientista político explicou que “esses números nos levam a crer que essa queda de apoio ao bolsonarismo pode ser passageira, como foi com Trump nos Estados Unidos, mas se isso vai ser repetir no Brasil ou não vai depender também de como os players envolvidos no caso brasileiro vão se comportar daqui para frente”.
Nunes também explicou sua teoria de que o Brasil não vive exatamente um cenário de “polarização”, como muitos analistas costumam dizer, e sim de “calcificação” dos setores políticos em relação à sua postura para com o PT,
“Se analisarmos os números das eleições de 2002 para cá, observaremos um padrão de voto do PT, onde o partido conseguiu melhor votação em todas as eleições, independente de se o candidato foi Lula, Dilma ou Haddad (…) a mesma coisa acontece do outro lado, o voto antipetista, embora não esteja consolidado em torno a um partido, também foi se mostrando constante ao longo do tempo”, comentou Nunes.