O fundador de Opera Mundi, Breno Altman, recebeu na edição desta quarta-feira (21/12) do programa 20 MINUTOS o acadêmico Miguel Borba de Sá, doutor em Relações Internacionais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e professor da Universidade de Coimbra (Portugal).
A entrevista teve como tema principal as relações internacionais do Brasil no terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente e que cenário geopolítico o petista terá pela frente em 2023.
Mencionando a guerra na Ucrânia, que envolve tropas de Kiev e Moscou desde 24 de fevereiro e tem mobilizado diversos países no mundo, em especial os membros da União Europeia, Borba de Sá analisa que o conflito “vive um momento dramático do ponto de vista humanitário”.
“É uma guerra de atrito que se tornou uma verdadeira máquina de moer gente. Sabemos que é uma guerra multinacional, não apenas entre Rússia e Ucrânia. Existem atores públicos e privados lutando nessa guerra de muitas partes diferentes do mundo. E é claro que seus dois grandes impulsionadores, a União Europeia e principalmente Estados Unidos de um outro lado, continuam querendo produzir o maior desgaste possível nas forças armadas russas e sustentando esse conflito”, afirma o entrevistado.
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Acadêmico Miguel Borba de Sá é convidado de Breno Altman no programa 20 MINUTOS desta quarta-feira (21/12)
Para ele, o prognóstico da guerra é “pessimista”. “Acho que a opinião pública na Europa, nos Estados Unidos e possivelmente na Rússia também, só vai mudar quando algo catastrófico acontecer, como um incidente nuclear”, conclui.
Questionado sobre a participação do novo governo Lula para os diálogos de paz na guerra da Ucrânia, Borba de Sá não acredita que as relações exteriores brasileiras terão este papel.
Examinando o cenário da política internacional poucos dias antes da posse de Lula, o acadêmico avalia que “o mundo não está em uma situação na qual a política externa brasileira vá pode navegar com muita tranquilidade”.
“O principal dos fatores para isso é que até mesmo os nossos possíveis aliados, aqueles que andaram tendo problemas com o governo Bolsonaro, são, na verdade, atores que precisamos repensar as alianças, como o acordo de livre comércio da União Europeia com o Mercosul”, finaliza.