O programa 20 MINUTOS desta quinta-feira (21/03) entrevistou o economista David Deccache, mestre em Economia pela Univesidade Federal Fluminense (UFF) e assessor econômico do PSOL na Câmara dos Deputados e diretos Instituto de Finanças Funcionais para o Desenvolvimento (IFFD).
Na pauta, a proposta de novo arcabouço fiscal a ser entregue pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o conflito entre o Governo Lula e o Banco Central, comandado pelo bolsonarista Roberto Campos Neto, devido à altíssima taxa de juros que o órgão autônomo insiste em manter.
“A política monetária e a política fiscal devem andar juntas, mas de uma forma diferente da que o Haddad fala. A política monetária pode se tornar um grande freio para a economia. A taxa de juros muito elevada, por exemplo, pode paralisar a atividade econômica ao priorizar o rentismo, o capital fictício, em detrimento dos investimentos reais, isso que o (Joseph) Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia, disse recentemente em um seminário que equivale à condenação de um país à pena de morte”, afirmou o economista.
Outro ponto importante salientado por Deccache é que “a ortodoxia do mundo não discute regra fiscal como se discute no Brasil”.
Facebook / David Deccache
Daccache disse que economistas conservadores de outros países seriam considerados de ultraesquerda se debatessem com conservadores do Brasil
“Os conservadores do resto do mundo são muito à esquerda dos conservadores do Brasil, alguns deles seriam considerados ultraesquerdistas aqui. A discussão sobre regra fiscal que nós vemos por parte de alguns economistas na imprensa me lembra muito a do início dos Anos 2000, quando se formava a nova síntese neoclássica, o novo conceito macroeconômico, de que o único papel da política fiscal é ser austera”, comentou.
O assessor econômico do PSOL também frisou que o país não precisa adotar uma regra fiscal ortodoxa.
“Há um consenso de 2021, e quero destacar isso para mostrar que o Haddad está debatendo com uma ortodoxia velha, mas há um consenso de que as regras fiscais não funcionaram nos últimos trinta anos. Qual é a divergência que existe agora? Se nós devemos reformulá-las, ou se devemos abandoná-las totalmente, não ter regra fiscal. Eu sou da opinião de que não deveria haver regras fiscais, e que não adianta tentar reforma-las”, explicou Deccache.