O programa 20 MINUTOS iniciou esta semana recebendo o historiador Francisco Carlos Teixeira, professor titular de História Moderna e Contemporânea da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e também de Teoria Social da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
O tema da entrevista desta segunda-feira (03/07), conduzida pelo apresentador Haroldo Ceravolo Sereza, foi o avanço das investigações sobre os atos golpistas do dia 8 de janeiro, os indícios sobre o envolvimento de militares bolsonaristas nesse episódio e a possibilidade de punição dos mesmos.
Segundo Teixeira, “nós sabemos pelas investigações que, além do tenente-coronel Mauro Cid (ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro), também estavam envolvidos o coronel Élcio Franco, e também esse coronel (Jean) Lawand, que esteve ligado à articulação (do golpe) o tempo todo. Todos eles estavam envolvidos em uma conspiração em torno do ministro da Justiça (Anderson Torres, naquele então), produzindo minutas para o golpe e inclusive dizendo qual era a rota do golpe, em rebelião aberta ao alto comando”.
“Essas pessoas não estão sendo processadas por golpe de Estado e por atividades antidemocráticas. Estão sendo processados, na verdade, por terem sido cúmplices do Mauro Cid na falsificação de uma carteira de saúde (de Bolsonaro). O Mauro Cid foi meu aluno, ele é brilhante, extremamente competente, eficiente e disciplinado. É filho de um general importante e de uma família de militares. Dificilmente ele tomaria iniciativas desse tipo se não tivesse sido convocado para tomar essas iniciativas”, acrescentou o professor.
Teixeira lembra que “entre as pessoas envolvidas naquele 8 de janeiro havia vários militares de baixa patente: cabos, sargentos, etc. Os comandantes militares do Distrito Federal impediram a prisão dessas pessoas, entrando em choque com a Polícia Militar que tentou fazer a prisão desses militares dentro do Palácio do Planalto, inclusive separando quem podia ser preso e quem não podia”.
O professor afirma, contudo, que a condenação de Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que decretou a inelegibilidade do ex-presidente por oito anos, até 2030, em decisão consolidada na última sexta-feira (30/06), aumenta as chances de o setor golpista das Forças Armadas buscarem uma nova investida contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“A via eleitoral para o Bolsonaro foi trancada. O retorno dele ao poder só poderá se dar se as instâncias jurídicas do país forem dissolvidas ou se foram anuladas as suas sentenças nesse sentido. A anistia (de Bolsonaro) não parece ser uma pauta do presidente Lula, então na próxima eleição ele (Bolsonaro) está fora. Isso aumenta enormemente o risco de ele optar por uma aventura desse tipo”, ressaltou o acadêmico.