No programa 20 MINUTOS ENTREVISTA desta terça-feira (13/07), o fundador de Opera Mundi, Breno Altman, entrevistou o jornalista e presidente do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta.
Analisando o cenário atual e pensando nas eleições presidenciais de 2022, Pimenta foi taxativo: “O PCO apoiará Lula de maneira incondicional, ou seja, sem condições como participação no governo, por exemplo. E vamos apoiar de maneira crítica, mas no sentido amigável”.
Para ele, a eleição do petista representaria uma nova etapa de mudanças e lutas populares no país, pois se daria em condições de disputa. “A candidatura do Lula tem importância independentemente de se ele vai reverter ou não qualquer coisa. Está possibilitando uma disputa pelo programa que deve ser imposto e considero isso um progresso extraordinário”, refletiu.
Apesar da postura atual, o PCO nem sempre esteve próximo do Partido dos Trabalhadores (PT), chegando, inclusive, a atacar o partido.
“Nossa consideração geral sobre o PT nunca se alterou. Os governos foram de colaboração de classes, mas de esquerda. No primeiro governo de Lula tivemos uma posição extremamente crítica, porque tinha características muito direitistas, mas não deixamos de apoiar a política social do governo”, explicou.
Pimenta relembrou que o PCO participou da campanha contra o golpe e também foi contrário à prisão de Lula. Por outro lado, a legenda não apoiou a candidatura de Fernando Haddad contra Jair Bolsonaro nas eleições de 2018.
O dirigente deu dois motivos para essa postura. O primeiro, relacionado a princípios, segundo ele: “Não apoiamos candidatos que são políticos profissionais de classe média. Achamos que não merecem a confiança popular, são suscetíveis à pressão do Estado capitalista e leva os trabalhadores ao desastre. Apoiar esse tipo de candidato é negativo e Haddad é um candidato desse tipo”.
O segundo motivo tinha a ver com considerar as eleições fraudulentas. Para o PCO, barrar a candidatura de Lula transformava as eleições em fraude, e “colocar um candidato no lugar dele, que seria derrotado, só iria colaborar para ocultar a fraude”.
“Se era uma fraude, a nossa função principal era denunciar a fraude. Não acho que Lula deveria ter lançado outro candidato, deveria ter revelado a farsa. Fomos a favor do voto nulo, denunciando a fraude, mesmo no segundo turno”, reforçou.
Fora Bolsonaro
O PCO foi uma das legendas a adotar primeiro a palavra de ordem Fora Bolsonaro durante o segundo turno das eleições de 2018, antes mesmo da posse do presidente, “porque tínhamos certeza de que ele iria ganhar as eleições”.
Reprocução
Rui Costa Pimenta considera impeachment algo difícil, visto que Bolsonaro tem o controle do Congresso
No entanto, não são entusiastas da tese do impeachment. Pimenta defendeu que o impeachment é um meio para remover Bolsonaro, “mas a situação é mais complexa do que isso”.
“Temos a experiência do Fora Collor: houve um impeachment e aí a oposição adotou uma posição ingênua. Assumiu o vice do Collor, o Itamar Franco, pintado como um grande democrata, o que era uma mentira. E tudo isso serviu para organizar um verdadeiro golpe em 1994, quando Fernando Henrique Cardoso derrotou Lula, quando ele era o franco favorito”, argumentou.
Além disso, o dirigente considera o impeachment algo difícil de se realizar, visto que Bolsonaro tem o controle do Congresso. “E ainda somos contrários que o vice assuma a presidência”, agregou.
Para ele, o ideal seria derrubar Bolsonaro nas ruas, com um movimento popular forte, instaurar um governo temporário que convocasse eleições imediatamente, “para não dar margem a manobras políticas”.
Povo nas ruas
É por isso que, desde o princípio, o PCO tem ido às ruas com a população pedir Fora Bolsonaro. Pimenta avaliou os protestos.
Para ele, Lula deveria estar na rua liderando os manifestantes: “A presença do Lula não apenas daria um caráter sólido à manifestação, mas a impulsionaria”. Ele não acredita que a atitude seria vista como de cunho eleitoral. “Acho que o ganho seria maior que o prejuízo”.
O dirigente do PCO também comentou o conflito com manifestantes do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) no ato de 3 de julho, que terminou com estes últimos sendo expulsos por métodos violentos.
“Há um exagero. Não foi o PCO que decidiu nada, não tinha nenhuma decisão de antemão de expulsar ou atacar os militantes do PSDB. E quem queimou os materiais que sobraram deles depois que eles foram embora não fomos nós. Agora, lógico, não vamos condenar nossos militantes pelo confronto. Essas coisas tendem a ocorrer”, justificou.
A atitude, porém, não deve se repetir no próximo 24 de julho, de acordo com Pimenta. Apesar do partido não ser favorável à presença de militantes de partidos de direita, “porque achamos que é um golpe contra a manifestação e uma tentativa de apropriar-se dela”, a posição não será de expulsá-los.
“Faremos, sim, uma propaganda para que haja uma opinião de rejeição a esses militantes, mas não temos a intenção de ir lá e agredir o pessoal”, enfatizou.