O programa 20 MINUTOS desta terça-feira (04/07) teve como tema a política exterior do Brasil nestes primeiros seis meses do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente, e os aspectos que fazem dessas uma das marcas mais destacáveis desse novo governo.
Para tratar desse assunto, o apresentador Breno Altman entrevistou um dos principais estudiosos brasileiros das relações internacionais, o ex-diplomata Milton Rondó Filho, que já foi secretário socioeconômico do Instituto Ítalo Latino-Americano e vice-presidente do Comitê Consultivo do Fundo Central de Emergências da Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo Rondó, o Brasil, por sua história e sua cultura, tende a seguir o caminho de soluções eurocentristas na política internacional. “É normal, nos fomos educados dessa forma, mas eu me pergunto: por que nós não aprendemos as boas lições da Europa? Temos que falar não só de uma cooperação internacional voltada à integração das empresas, mas também à integração das pessoas, para termos condições mais equânimes”.
O ex-diplomata comentou a recente declaração de Lula relativizando as críticas feitas por meios de comunicação hegemônicos a respeito da situação da democracia em países como Venezuela, Cuba e Nicarágua.
“Eu acho interessante, porque a direita aqui (no Brasil) vem com essa história do voto impresso, e o voto na Venezuela é eletrônico e impresso, ele é checado depois e se há uma diferença aquela urna é toda verificada”, ironizou Rondó.
Ex-consultor de um comitê da ONU, Rondó também falou da necessidade de uma reforma no organismo, que perdeu a capacidade de lidar com os grandes temas do mundo atual. “O que a ONU tem feito nos últimos anos com relação ao combate á fome? O que a ONU tem feito com relações às guerras no Iêmen e na Ucrânia? Ou no Oriente Médio: ontem (segunda-feira 03/07) foram mortos oito palestinos na Cisjordânia, o que a ONU fez?”, comentou.
Porém, o ex-diplomata considera difícil que o Brasil consiga se impor como representante da América Latina em uma possível cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU, como almeja o Palácio do Planalto.
“Nós temos o aval do México para sermos o representante da América Latina no Conselho de Segurança? Não! Teremos esse aval um dia? Jamais! Nós temos o aval da Argentina para fazer essa representação? Não! Teremos? Jamais!”, analisou Rondó.