Na edição desta quarta-feira (29/03) do programa 20 MINUTOS, o jornalista Breno Altman conversou com o educador Daniel Cara, professor de Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), mesma instituição na qual se formou doutor em Educação, mestre em Ciência Política e bacharel em Ciências Sociais.
A entrevista teve como pauta a revogação do Novo Ensino Médio, política que está em vigor no Brasil desde a aprovação de reforma durante o governo de Michel Temer, em 2017.
O convidado contou que “esta reforma é praticamente o mesmo conteúdo que o ministro Paulo Renato Souza [governo FHC] tentou implementar em 1998, mas não conseguiu (…) até que aquele grupo do PSDB volta ao poder com o Michel Temer e consegue aprovar a reforma por medida provisória. Esta é a única reforma educacional da história do Brasil aprovada por medida provisória”.
“A reforma precarizou a qualidade do Ensino Médio no Brasil. De que maneira? De uma forma muito estratégica, que é desestruturando a carreira docente. Hoje nós temos professores que, com o itinerário formativo da reforma do ensino médio, são levados a situações, por exemplo, de um professor de Química ter que dar aula de ‘Projeto de Vida’, professores de História que dão aulas de ‘Como se Tornar um Milionário’, como acontece no Distrito Federal”, relata Cara.
Instituto Lula
Segundo Cara, a reforma do Ensino Médio precarizou a qualidade da educação no Brasil
O educador afirmou que os movimentos pela educação estão propondo “um projeto de lei que revoga os itinerários formativos, a educação à distância, as parcerias público-privadas no Ensino Médio e refaz a lógica do ‘notório saber’, podendo permitir uma educação profissional de qualidade”.
“Esta proposta foi elaborada pelos maiores pesquisadores em Ensino Médio do Brasil, com reconhecimento internacional inclusive”, ressaltou o entrevistado.
Sobre a crescente onde de violência nas escolas, Cara disse que “apesar de o caso mais recente [quando uma professora foi assassinada, na Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, em São Paulo] ter acontecido em uma escola de Ensino Fundamental, é preciso lembrar que a reforma do Ensino Médio é parte de um conjunto de medidas neoliberais pensadas para esvaziar a escola, e essas políticas que esvaziam a escola elas abrem espaço para esse tipo de ataque, como um estímulo passivo a esse tipo de ataque”.