O programa 20 MINUTOS com Breno Altman desta terça-feira (09/05) conta com a participação da economista Laura Carvalho.
A autora do livro Valsa brasileira: Do boom ao caos econômico e o fundador de Opera Mundi e debatem quais o caminhos para o desenvolvimento do Brasil.
Laura defendeu o papel do Estado para o crescimento do país, “ainda mais para uma economia que já vem estagnada há uma década”, como a brasileira, e disse que “imaginar que o capital privado vai liderar o processo [de aumento dos investimentos e retomada do desenvolvimento] é repetir erros passados, apostas que não funcionaram no passado, desde o Governo Temer e também no Governo Dilma”.
A economista também falou sobre a necessidade de uma agenda de desenvolvimento, e apontou a ausência dessa agenda como principal erro e problema do governo Lula.
“Hoje se fala, no debate econômico do país, que a agenda de crescimento do governo é essa reforma tributária de simplificação do IVA (imposto sobre valor agregado). Isso não é uma agenda de crescimento. A gente precisa ter uma agenda de crescimento, e na minha visão precisa ser uma agenda voltada pro Século XXI, que tenha a questão do clima como central, uma agenda de crescimento sustentável”.
Laura também questionou a organização do governo em meio a esse tema, que dificultaria a resolução sobre quem lideraria a iniciativa dessa agenda de crescimento.
“A gente está em uma situação que eu entendo, se formou uma frente ampla, com a qual se ganhou a eleição. Agora, não hora de ter uma agenda de desenvolvimento, quem é que vai puxar? É o vice-presidente (Geraldo Alckmin), a partir do Ministério da Indústria e Comércio? É a Simone Tebet, no Ministério do Planejamento? Eu acho improváveis [essas alternativas], então eu esperaria que fosse a Casa Civil (Rui Costa), com a própria designação do Presidente da República, que deve fazer esse esforço de coordenar as agendas”.
Sobre a regra fiscal proposta pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a economista afirma que “nós temos um arcabouço atual que é desastroso, que impede qualquer aumento do papel do Estado na agenda de desenvolvimento, e em particular nos investimentos públicos, então temos uma nova proposta que é melhor que a atual, ela se livra de certos obstáculos da regra anterior”.
No entanto, Laura ressalta que “existe uma outra questão, que é se a gente deve ou não ter uma regra que limita os gastos públicos. Essa é uma discussão delicada e difícil porque ela é, obviamente, uma discussão política”.
A economista também enfatizou a importância da reforma tributária para o sucesso da estratégia do Governo Lula para retomada do crescimento e do desenvolvimento do Brasil.
“Isso é o que mais me preocupa. Mais que o arcabouço fiscal. Quando nós olharmos para a proposta da reforma tributária e a necessidade que ela tem de gerar arrecadação pra trazer maiores investimentos públicos, aí nós temos um problema muito sério, porque o governo escolheu começar com a reforma da tributação de consumo, pode haver razões políticas para isso, mas a reforma que de fato nós precisamos é uma reforma que dê justiça para o sistema tributário brasileiro, que é um sistema no qual já há quase um consenso em que é ele ajuda a consolidar a desigualdade social no país, e essa parte da reforma ainda não está sendo discutida”, analisou.