O Plano Diretor de São Paulo foi o tema da conversa entre o jornalista Breno Altman e a vereadora Luna Zarattini (PT-SP) no 20 MINUTOS desta quarta-feira (28/06).
Na última segunda-feira (26/08), a Câmara Municipal de São Paulo aprovou a revisão do Plano Diretor da cidade, por 44 votos a favor e 11 contrários.
A principal polêmica foi em torno da expansão das áreas onde é permitido construir prédios mais altos. O Plano Diretor de 2014, aprovado durante a gestão de Fernando Haddad, já previa maior verticalização no entorno dos corredores de ônibus e das estações de metrô e trem, nas áreas chamadas de EETUs (Eixos de Estruturação e Transformação Urbana). Atualmente esses eixos atingem as quadras dentro do raio de 600 metros do metrô e 300 metros ao redor dos corredores de ônibus. Com a nova redação, ficam liberados arranha-céus a 700 metros do transporte sobre trilhos e 400 metros dos corredores.
Mas essa não é a única mudança importante. Várias outras medidas foram decididas, dependendo agora da aprovação da nova Lei de Zoneamento, cujo objetivo seria permitir maior verticalização da cidade e mais liberdade para a expansão imobiliária.
Uma das surpresas nessa votação foi que a maior parte da bancada petista, de oposição ao prefeito Ricardo Nunes, ter votado em favor da revisão do Plano Diretor. Dos oito integrantes, cinco alinharam-se com o relatório do vereador Rodrigo Goulart e três se opuseram.
Instagram/Luna Zarattini
Vereadora Luna Zarattini (PT-SP) foi a convidada de Breno Altman para o 20 MINUTOS desta quarta (28/06)
Um desses dissidentes foi a vereadora e entrevistada do 20 MINUTOS desta quarta, Luna Zarattini. Ela explica que apesar de ser uma pauta difícil e complexa, é muito importante “para a vida da cidade”.
“O Plano Diretor é um conjunto de diretrizes sobre o desenvolvimento urbano da cidade. Como, quando e de que forma ela cresce. Como o último Plano Diretor foi aprovado em 2014, estava previsto uma revisão para ver o que deu certo e o que deu errado e também para resolver distorções e problemas. Mas não foi isso o que aconteceu na Câmara. A partir da nova aprovação, este Plano Diretor aprovado agora dura até 2029”, afirma a entrevistada.
A vereadora explica que no último substitutivo votado sobre o Plano foi colocada “uma pegadinha” uma vez que menciona as quadras alcançadas, mas não de forma integral. “Essa determinação de 700 metros pode virar 800 ou mil metros. Caso o raio da construção toque a quadra, ela é toda contaminada”, explica Zarattini.
O chamado “adensamento urbano”, ou seja, a verticalização da cidade com prédios mais altos perto de meios de transporte tem sido alvo de críticas pelo seu elitismo.
Segundo a vereadora do PT, “a ideia de verticalizar a cidade em eixos de corredores de ônibus e espaços com metrôs é importante, deveria ser aprovado e é aprovado por nós [dissidentes do Plano]. O Plano Diretor de Haddad já previa isso. A questão é que essa verticalização não pode vir com uma elitização. São coisas bem diferentes”, alerta.
“Em nossa cidade têm sido construídos prédios altos, mas prédios caros. São prédios de luxo que não são para a população de baixa renda. O que deveríamos estar discutindo é a verticalização nesses espaços, que tivesse em contrapartida, a produção de habitação social para pessoas de baixa renda”, completa.