O programa 20 MINUTOS desta segunda-feira (05/06) recebeu o jornalista e escritor Jotabê Medeiros, co-diretor do site Farofafá [junto com Pedro Alexandre Sanches e Eduardo Nunomura], especializado em cultura e políticas culturais.
O convidado falou sobre seu mais novo livro, “O último pau de arara”, lançado pela Editora Grafatório. A obra é uma biografia de uma personagem que completou recentemente 105 anos de vida.
“O personagem é um autêntico pau de arara. O nome dele é João Francisco de Medeiros, que vem a ser o meu pai. Em abril, ele fez 105 anos de vida. É o patriarca da família”, revelou o jornalista.
Jotabê conta que sempre postou fragmentos da sua história familiar em suas redes sociais. Ao explicar como surgiu a ideia para o livro, ele diz que “durante a adolescência, eu li muito sobre a literatura regionalista brasileira, autores como José Lins do Rêgo, João Cabral [de Melo Neto], Graciliano [Ramos], e toda a literatura regionalista costuma narrar uma espécie de estupefação do migrante em face da nova ordem, da nova situação, e eu achei que seria interessante retomar essas narrativas com relação ao sentimento migrante a partir de uma geração diferente mas com interesse em refazer as pegadas que ficaram na areia”.
Outra particularidade contada no livro é sobre como a família Medeiros foi crescendo, de acordo com a obsessão do seu pai em ter um filho homem. “Eu sou o décimo primeiro filho. Antes de mim nasceram 10 mulheres. Mas meu pai queria muito um filho homem, e aí ele foi tentando, até que nascemos eu, o Jack, o Sandro e o Marcelo. Mas as mulheres, no fim das contas, são as que ‘regraram’ a família, e ainda regram”, explica Jotabê.
Sobre a importância dessa história de migração em sua formação, o jornalista afirma que “em algum momento da minha vida, me dei conta de que eu como paraibano carregava uma dupla identidade: eu cresci no Norte do Paraná, em uma região em que os imigrantes japoneses eram muito numerosos, e a cultura desses nisseis, meus amigos de infância, ficou entrelaçada com a minha cultura nordestina”, relatou o escritor.