Realizada entre 22 e 24 de agosto, em Joanesburgo, na África do Sul, a 15ª reunião de cúpula do Brics, bloco formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, decidiu ampliar a coalizão, rebatizada como BRICS Plus, para onze países, com a inclusão de Argentina, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes, Etiópia e Irã.
Esse bloco passa a representar 36% do PIB mundial, em comparação com o ano de 2022, contra 30% do G7, formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, as principais potências capitalistas do Ocidente.
Além da expansão a novos membros, o Brics também reforçou sua disposição em caminhar para superar o dólar como moeda de troca, reformar a institucionalidade financeira mundial e construir um sistema de sustentação ao desenvolvimento do chamado “sul global”.
Diante deste cenário, o jornalista e fundador de Opera Mundi, Breno Altman, fez uma análise sobre o bloco, e explicou sobre os “inimigos do Brics”, falou primeiramente sobre o imperialismo.
Flickr/Palácio do Planalto
Brics também reforçou sua disposição em caminhar para superar o dólar como moeda de troca em sua Cúpula
“É um fenômeno do século XIX, identificado como a etapa superior do capitalismo. Para poder alcançar a máxima lucratividade, esses capitais precisam ser exportados para países mais atrasados, com mão de obra barata e abundância de matéria prima, buscando tanto o barateamento da produção quanto a formação de novos mercados. Embora esse processo não dependa do colonialismo, isto é, do controle direto de territórios, os Estados que representam esses grandes capitais precisam constituir mecanismos militares, financeiros, diplomáticos e culturais para garantir seus interesses e assim se metamorfoseiam em Estados imperialistas”, explicou Altman ao afirmar que o Brics surge enfrentando então uma “ordem unipolar decadente, mas na qual o sistema imperialista procurar defender suas posições a todo custo”.
O assunto “inimigos do Brics” surgiu após o presidente Lula defender que o bloco não deve ser visto como antiocidente mesmo com a participação de países como Irã, Rússia e China. Já o presidente da Rússia, Vladimir Putin afirma que BRICS não possui inimigos.
“Os Estados Unidos são muito poderosos mesmo vivendo historicamente um ciclo de decadência porque têm muitos recursos políticos, econômicos e militares. Assim, não vão abandonar o sistema imperialista. Vão reagir e já estão reagindo”, declara o jornalista.
“Os EUA já fizeram pactos marítimos e desejam expandir seu peso militar no mundo como forma de pressão sobre a China”, exemplifica Altman.