O programa 20 MINUTOS desta terça-feira (13/12) teve como convidado o acadêmico Rodrigo Nunes, professor de filosofia moderna e contemporânea da PUC do Rio de Janeiro.
O principal assunto do programa foi o futuro do bolsonarismo, fenômeno político surgido no Brasil com a chegada à presidência de Jair Bolsonaro, e que agora terá que lidar com um novo momento, quando ele deixar a presidência em 1º de janeiro de 2023.
Diante dos acontecimento em Brasília na noite da última segunda-feira (12/12) em que grupos bolsonaristas tentaram invadir a sede da Polícia Federal, Nunes adianta acreditar que Bolsonaro esteja em contato com participantes dos atos, porém “parece que aquela estrutura piramidal, a direção que provinha do gabinete do ódio, está temporariamente desativada”.
Avaliando a situação atual do fenômeno político, o acadêmico identifica que o setor da classe média, em que Bolsonaro mais conquistou apoio, realiza uma “luta de elite”, que cria o bolsonarismo, segundo a definição em seu livro Do transe à vertigem: Ensaios sobre bolsonarismo e um mundo em transição (Ubu Editora), após a Lava Jato.
Rodrigo Sombra
Professor de filosofia moderna e contemporânea da PUC do RJ, Rodrigo Nunes, é convidado de Breno Altman no 20 MINUTOS desta terça-feira
Para ele, após o julgamento que resultou na prisão do então ex-presidente Lula, “o antipetismo transitou dos velhos partidos burgueses para o Bolsonaro”.
“Eu descrevo o bolsonarismo no livro justamente como um encontro entre a parte da sociedade brasileira que cansou de esperar pelas profecias e promessas de modernidade, da economia e país modernos, com uma elite que não está interessada em sequer fazer de conta que essas promessas ainda estão na mesa. É uma elite que simplesmente assumiu, de maneira explícita, na predação mais extrema, em pegar tudo que puder, do jeito como puder, sem oferecer nada em troca”, afirma Nunes.
O professor avalia que tratar Bosonaro e sua família como “figuras ideológicas” é um tratamento de muita concessão. “Eles não são ideólogos. O que não significa que eles não acreditam nas coisas que eles que eles dizem acreditar. Eles acreditam, sobretudo em se dar bem”, completa.
“Eles são oportunistas e, sinceramente, eu não tenho uma impressão muito diferente das das nossas Forças Armadas também”, afirma Nunes ao mencionar o que seria uma das bases de apoio de Bolsonaro.