O programa 20 MINUTOS desta segunda-feira (22/05) tratou da atualidade da luta do povo palestino contra o regime de opressão imposto há décadas pelo Estado de Israel.
Para abordar esse tema, o apresentador Breno Altman recebeu a historiadora Arlene Clemesha, doutora pela Universidade de São Paulo (USP), onde também é professora de História Árabe. A convidada também dirigiu o Centro de Estudos Árabes da USP entre 2008 e 2017.
Segundo Arlene, “a melhor medida que o sistema a Organização das Nações Unidas (ONU) poderia fornecer neste momento para os que lutam, em um movimento pacífico, pelos direitos humanos [dos palestinos] seria a Assembleia Geral reativar a Comissão Contra o Apartheid, iniciando uma discussão interna sobre o apartheid israelense, e fazer uma votação sobre esse tema”.
A historiadora também alerta para o fato de que Israel, sob o governo da nova coalizão de extrema-direita do premiê Benjamin Netanyahu, está promovendo um ideário que levar o país a se tornar uma teocracia.
“Está nascendo em Israel um regime teocrático, isso está se evidenciando. Essa corrente teocrática dentro da política de Estado israelense se fortaleceu muito e caminha para uma tentativa de mudança de regime, com medidas como a mudança do sistema judicial, um enfraquecimento desse sistema, dando maior poder do Executivo e do Legislativo sobre a Corte Suprema”, analisou a professora.
Contudo, ela ressalta que “essa democracia israelense nunca foi democracia para os palestinos. É um sistema institucionalmente bastante bem construído, com todas as instituições de um Estado democrático, mas que eu não definiria como um Estado laico democrático liberal moderno”.
Arlene também considera que o atual governo de Netanyahu representa a chegada da direita mais dura ao poder em Israel, “mas, no que diz respeito às políticas para os palestinos, essa direita sempre agiu em aliança com os trabalhistas [setor mais progressista]”.
“Nós estamos falando de Israel, um país que até 1977 foi governado pelos trabalhistas, e que, até aquele ano, instalou as bases de uma política que já era de ocupação dos territórios palestinos, construção de assentamentos e todo tipo de planejamento para transferência populacional e incorporação de territórios”, recorda a acadêmica.