– A visita de Bolsonaro aos EUA foi um show à parte dos últimos dias. Houve fala contra cidadãos brasileiros imigrantes, jantar com Olavo de Carvalho, chilique de chanceler preterido pelo filho do presidente em audiência com Trump, mas o principal é que houve concessões a perder de vista: com abertura de vistos livres para turistas americanos, com renúncia ao tratamento diferenciado que o Brasil recebe hoje na OMC por ser um país em desenvolvimento, teve fala presidencial de ir “até as últimas consequências” para “ajudar” a Venezuela, teve sabe-se lá que acordo e abertura de dados para CIA e FBI, teve abertura da base de Alcântara, teve aumento da cota de compra de trigo norte-americano (prejudicando produtores brasileiros), e por aí vai…
– Do lado de lá, dos EUA, houve pouca ou praticamente nenhuma contrapartida. Promessas de “ajudar” no ingresso na OCDE, de talvez voltar a comprar carne bovina brasileira após visitas de inspeção, de talvez inserir o Brasil em um programa de viajantes “confiáveis” (com liberação mais rápida de visto por serem de “baixo-risco”) e algumas outras promessas vagas.
– Foi divulgada nota oficial conjunta sobre o encontro entre Trump e Bolsonaro. Temas citados: apoio de ambos ao “autoproclamado” presidente encarregado da Venezuela, Juan Guaidó; reforço do Fórum Permanente de Segurança Brasil-EUA; a isenção de visto de turista para cidadãos dos EUA que entrarem no Brasil; dar início aos “passos necessários” para a participação do Brasil no Programa de Viajantes Confiáveis “Global Entry” dos EUA; a designação do Brasil como “aliado prioritário extra-OTAN” (outros 17 países também são); acordo de salvaguardas tecnológicas que permitirá os EUA utilizarem a base de Alcântara; estabelecimento de cota tarifária para importação pelo Brasil de 750 mil toneladas de trigo norte-americano com tarifa zero; busca de condições para importação de carne de porco dos EUA; agendamento de visita de representantes dos EUA ao sistema de inspeção de carne de vaca “in natura” do Brasil (para retomar exportação brasileira); negociação de um ARM (acordo de reconhecimento mútuo) para reduzir custos para empresas norte-americanas e brasileiras; criação de um fundo de investimento de 100 milhões para preservação da biodiversidade da Amazônia; criação do Fórum de Energia Brasil-EUA para facilitar comércio e investimentos no setor energético; apoio norte-americano para que o Brasil inicie processo com vistas a tornar-se membro pleno da OCDE (em contrapartida o Brasil se adequará à política norte-americana em relação à OMC).
– Bolsonaro nem chegou ao Chile e já causa polêmica por lá. A visita está prevista para ocorrer amanhã (21/03) e sexta (22/03). O presidente do Senado chileno, Jaime Quintana, anunciou que não aceitou convite do presidente Sebastián Píñera para almoço que será oferecido para o presidente brasileiro. Ele disse ainda que não estará em nenhum evento da programação de Bolsonaro no Chile. O vice-presidente do Senado chileno também recusou o convite e um parlamentar, Vlado Mirosevic, do Partido Liberal que também recusou convites disse no Twitter: “Bolsonaro como um líder perigoso para os valores republicanos”, por “ter feito da discriminação e o ódio sua política”.
– Bolsonaro e Ivan Duque, presidente da Colômbia, se reunirão na sexta-feira com o anfitrião chileno Sebastián Piñera para tratar do Prosul, um mecanismo de integração da América do Sul com o qual pretendem substituir a Unasul.
– Uma nota conjunta dos Ministérios da Economia e das Relações Exteriores do Brasil informou ontem (19/03) que está em vigor o livre comércio para automóveis entre Brasil e México, sem a cobrança de tarifas ou limitação quantitativa.
– O Brasil estará representado na Segunda Conferência de Alto Nível das Nações Unidas sobre Cooperação Sul-Sul, que será realizada em Buenos Aires a partir de hoje (20/03) até o dia 22. O tema da conferência será: “O papel da cooperação Sul-Sul na implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável: desafios e oportunidades”. O Brasil herdou dos governos Lula e Dilma mais de 380 projetos de cooperação Sul-Sul com 63 países em desenvolvimento.
– China e EUA retomarão as negociações comerciais na próxima semana. As negociações estão caminhando para a etapa final, visto que a deadline estabelecida foi o final de abril.
– Rússia e EUA mantiveram ontem (19/03) um encontro em que trataram sobre a situação da Venezuela. A reunião foi em Roma, entre o representante especial do governo Trump para a Venezuela, Elliiott Abrams, e o vice-ministro de relações exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov. De acordo com as declarações dadas à imprensa por ambos, pouco se avançou no sentido de os EUA convencerem a Rússia a apoiar Guaidó. Abrams está na Europa percorrendo governos, agências e autoridades, buscando apoio para o intervencionismo norte-americano na Venezuela.
– A França teve um dia de manifestações gigantes no dia de ontem (19/03), em mobilização por aumentos salariais convocadas por centrais sindicais. Os protestos ocorreram poucos dias após enfrentamento nas ruas entre coletes amarelos e policiais franceses.
– Tribunal Superior Eleitoral da Bolívia estabeleceu para o dia 20 de outubro o dia das eleições presidenciais de 2019.
– O primeiro ministro do Haiti, Jean Henry Céant, caiu nesta segunda (18/03) com a aprovação de uma moção de censura no parlamento por 93 votos a favor, 6 contrários e 3 abstenções.
– Presidente do Cazaquistão, Nursultan Nazarbayev, que estava há 30 anos no poder, renunciou ao cargo nesta terça (19/03).
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