A pandemia de covid-19, a mais letal deste primeiro quarto do século 21, já produziu mais de 4 milhões de mortes, entre as quais estão milhares de artistas e intelectuais de diversos países. Entre essas figuras, estão algumas muito conhecidas em seus países ou até a nível internacional.
A lista a seguir, que reúne 35 artistas e intelectuais vítimas da covid-19 no Brasil e no mundo em ordem alfabética, pretende lembrar alguns dos nomes mais famosos, mas sem esquecer que foram muitas mais as perdas no mundo das artes e da intelectualidade.
Mapa da vacinação no mundo: quantas pessoas já foram imunizadas contra covid-19?
1. Agnaldo Timóteo
Muitos o conheciam mais por sua carreira política – malufista orgulhoso, foi deputado federal pelo Rio de Janeiro nos anos 1980 e 1990, e também vereador no Rio de Janeiro e em São Paulo. Mas antes disso, Agnaldo Timóteo foi uma das mais conhecidas vozes do Brasil. Emplacou grandes sucessos do rádio nos anos 1960 e 1970, como “Meu Grito”, “Eu Vou Sair Para Buscar Você” e “Os Brutos Também Amam”.
Também participou de filmes como “Abolição” (1988) e “Alô Alô Teresinha” (2009). Aliás, foi presença constante em muitos programas de auditório de apresentadores amigos, como Chacrinha, Sílvio Santos e Raul Gil. Faleceu aos 84 anos, em 3 de abril de 2021.
2. Aldir Blanc
Um dos mais importantes compositores da Música Popular Brasileira, Aldir Blanc foi o criador de algumas das canções mais icônicas do cancioneiro nacional. Uma de suas composições mais famosas é a inesquecível “O Bêbado e o Equilibrista” (famosa na voz de Elis Regina), mas Blanc também foi autor de outros clássicos como “Corsário” (João Bosco), “Amigo é Pra Essa Coisas” (MPB4), “Dois Pra Lá, Dois Pra Cá” (Elis Regina) e “Resposta ao Tempo” (Nana Caymmi).
Também foi um importante escritor e cronista, colunista de publicações importantes da imprensa alternativa, como o Pasquim e a revista Bundas. Muitas de suas crônicas foram publicadas em livros, alguns deles reunindo textos sobre suas maiores paixões, como Vila Isabel – Inventário de Infância, sobre o bairro carioca onde viveu boa parte de sua vida, e Vasco – A Cruz do Bacalhau, sobre o clube pelo qual era fanático. Faleceu aos 73 anos, em 4 de maio 2020.
3. Alfredo Bosi
Professor emérito da USP (Universidade de São Paulo) e ocupante da cadeira de número 12 da ABL (Academia Brasileira de Letras) desde 2003, Alfredo Bosi foi um dos mais destacados críticos literários do Brasil. Publicou livros como História Concisa da Literatura Brasileira, Dialética da Colonização e Ideologia e Contra Ideologia, essenciais do ponto de vista artístico, histórico e político.
Era conhecido por ser um crítico do capitalismo e seus textos políticos costumavam ser orientados pelas ideias do filósofo italiano Antonio Gramsci. Militou pela defesa dos direitos humanos em plena ditadura e chegou a presidir o Centro de Defesa dos Direitos Humanos nos anos 1980, além de integrar a Comissão de Justiça e Paz. Faleceu aos 84 anos, em 7 de abril de 2021.
4. Barbara Shelley
Quem é fã do cinema de terror deve conhecer esta atriz britânica, uma das estrelas deste gênero, que brilhou em seu país, na Itália e nos Estados Unidos nos anos 1950 e 1960. Estrelou filmes como “Suprema Confessione” (1956), “The End of The Line” (1958) e “The Secret of Blood Island” (1964). Mas seu grande sucesso foi “Dracula – Prince of Darkness” (1966), onde sua personagem, Helen Kent, vive um caso de amor macabro com o personagem título, interpretado por Christopher Lee. Faleceu aos 88 anos, em 3 de janeiro de 2021.
5. Carol Sutton
Atriz afro-estadunidense que participou de filmes como “Flores de Aço” (1989), “O Dossiê Pelicano” (1992), “A Última Ceia” (2001), “Ray” (2004) e “Histórias Cruzadas” (2011). Também esteve presente em séries como “True Detective”, “Queen Sugar” e “Messiah”. Faleceu aos 76 anos, em 10 de dezembro de 2020.
6. Chris Trousdale
Iniciou sua carreira de cantor ainda jovem, como membro da boyband estadunidense Dream Street, que teve um sucesso mediano e durou apenas dois anos. Sua carreira solo, iniciada logo em seguida, não teve melhores resultados, mas lhe rendeu convites para estrelar musicais da Broadway, como “A Bela e a Fera” e “O Mágico de Oz”, onde efetivamente viveu seus melhores anos. Em 2012, também teve sucesso participando do programa “The Voice”, no canal NBC. Faleceu aos 34 anos, em 2 de junho de 2020.
7. Ciro Pessoa
“Siga em paz, querido Ciro. Descansa meus olhos, sossega minha boca, me enche de luz”. Essas foram as palavras de Branco Mello, vocalista dos Titãs, ao saber da morte do amigo Ciro Pessoa, um dos fundadores da banda que é um dos símbolos do rock paulista dos anos 1980, junto com o próprio Mello, Arnaldo Antunes, Nando Reis e outros.
Participou da composição de alguns dos sucessos do grupo, como “Sonífera Ilha” (de onde Branco Mello extraiu o verso para homenageá-lo), “Homem Primata” e “Toda Cor”. Faleceu aos 63 anos, em 5 de maio de 2020.
8. Daisy Lúcidi
Foi radialista, atriz e política. No rádio, comandou o programa “Alô Daisy” na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, entre 1971 e 2016. Na televisão, estrelou novelas como “Passione”, “Geração Brasil” e “O Casarão”, na Rede Globo, além de “Enquanto Houver Estrelas”, seu único trabalho na TV Tupi.
Na política, foi vereadora e deputada estadual entre os anos 1980 e 1990, sempre por partidos de direita, como o PDS (atual PP) e o PFL (atual DEM). Faleceu aos 90 anos, em 7 de maio de 2020.
9. Daniel Azulay
Artista plástico, cartunista, pintor e apresentador de televisão, Daniel Azulay começou sua carreira publicando sua tirinha do Capitão Cipó no jornal Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, em 1975. Com o sucesso dos primeiros trabalhos, passou a publicar charges em revistas importantes da época, como O Cruzeiro e Manchete, onde popularizou a personagem Dona Filó.
Chegou à televisão nos anos 1990, apresentando um programa educativo na TV Band Rio chamado “Oficina de Desenhos”. Anos depois, realizou programas semelhantes para o Canal Futura e para a TV Rá-Tim-Bum. Faleceu aos 72 anos, em 27 de março de 2020 – sua morte foi politizada, quando a família Bolsonaro, tratando de impor seu discurso de negação da gravidade da pandemia, reclamou que o artista sofria de leucemia, embora o boletim médico oficial tenha determinado que a causa da morte foi uma mescla das duas coisas. Segundo os profissionais que atenderam Azulay, a covid-19 teria causado complicações que, junto com a doença que ele já sofria, terminaram sendo fatais.
10. David Prowse
Talvez ninguém lembre do rosto de David Prowse aparecendo em um filme, apesar de este fisiculturista britânico ter interpretado um dos personagens mais famosos da história do cinema. Isso porque esse personagem é Darth Vader, o terrível vilão da primeira trilogia da série “Star Wars” (na segunda trilogia, o personagem mais jovem é interpretado por outros atores). Mas não foi ele que disse a memorável frase “Luke, eu sou seu pai”. Prowse era o ator debaixo da fantasia negra, mas a voz que escutamos no filme era da dublagem feita por James Earl Jones.
Prowse aparece fazendo pontas em outros filmes clássicos, como “Laranja Mecânica” (1971) e “Jabberwocky”, o primeiro filme solo de Terry Gilliam após sua saída do grupo de humor britânico Monty Python. Outro dos seus trabalhos no cinema foi o de treinar famosos para filmes de ação, como Christopher Reeve, quando este se preparava para estrelar o Superman nos cinemas. Faleceu aos 85 anos, em 28 de novembro de 2020.
11. Eduardo Galvão
Ator de sucesso especialmente em novelas e séries da Rede Globo. Estreou em 1989, em um papel menor em “O Salvador da Pátria”, e três anos depois teve seu primeiro papel de coprotagonista em “Despedida de Solteiro”. Também teve papeis de destaque na série “Malhação” e em um de seus últimos trabalhos (e um dos poucos fora da Globo) em “Magnífica 70”, da HBO. Faleceu aos 58 anos, em 7 de dezembro de 2020.
12. Fernando Solanas
Poucos cineastas, como o argentino Fernando Solanas, puderam construir uma obra que se destacou tanto na ficção, com filmes como “Los Hijos de Fierro” (1975) e “Tangos… El Exilio de Gardel” (1985), como em documentários como “Perón: La Revolución Justicialista” (1971), “Memorias del Saqueo” (2004) e “La Dignidad de los Nadies” (2005).
Também teve importante trajetória na política. Foi perseguido e exilado durante a ditadura de Jorge Rafael Videla (1976-1983) por sua militância de esquerda. Após o retorno à Argentina, teve três mandatos como deputado e um como senador, entre 1993 e 2019, representando o movimento progressista Proyecto Sur. Chegou a ser candidato à Presidência da Argentina em 2007 – ficou em quinto lugar, com 1,6% dos votos, no pleito em que Cristina Kirchner foi eleita para o seu primeiro mandato. Faleceu aos 84 anos, em 6 de novembro de 2020.
13. Genival Lacerda
Quem nunca se sentiu tentado a dar uma balançadinha de esqueleto ao som de “Severina Xique Xique” ou “De Quem é Esse Jegue”? Este são só alguns dos clássicos da carreira deste que é um dos maiores expoentes da música nordestina em todos os tempos e que ajudou, com suas composições de sucessos e mais de 50 discos lançados, a popularizar em todo o Brasil ritmos como forró, baião e xaxado.
Também fez participação em filmes como “Made in Brazil” (1985) e “Beijo 2348/72” (1990), e foi tema do documentário “O Rei da Munganga” (2009). Genival foi muito mais que a irreverência do seu jeito de ser e sua forma de vestir, que lhe valeram injustamente o rótulo de “brega” por parte de alguns críticos sudestinos. Foi um dos compositores mais importantes da música brasileira. Faleceu aos 89 anos, em 7 de janeiro de 2021.
14. Gésio Amadeu
Ator de sucesso principalmente no teatro, embora também tenha participado de importantes obras no cinema, como “Longo Caminho da Morte” (1972) e “Eles Não Usam Black-Tie” (1981), e em novelas de sucesso como “Sinhá Moça” (1986), “A Viagem” (1994) e “Terra Nostra” (1999). Em 2007, ele interpretou o Tio Barnabé em uma versão atualizada da série “Sítio do Picapau Amarelo”, produzida pela Rede Globo. Nos palcos, participou de peças como “A Moreninha” (1968), “Woyzeck” (1971), “Tiradentes” (1978), “Eles Não Usam Black-Tie” (1980), “Os Negros” (1989), “Melômana” (1994), “A Falecida” (2012) e “A Última Sessão” (2014). Faleceu aos 73 anos, em 5 de agosto de 2020.
15. Ismael Ivo
Apesar de sua origem humilde, como filho de empregada doméstica e vivendo na periferia de São Paulo, Ismael Ivo levou adiante seus estudos em dança moderna e ainda jovem foi escolhido para integrar um grupo experimental de Dança do Teatro Municipal da capital paulista nos anos 1970. Na década seguinte, recebeu convites de importantes diretores europeus e se mudou para a Europa, onde trabalhou com grandes nomes da dança, como a alemã Pina Bausch, o estadunidense William Forsythe e a sérvia Marina Abramovic.
Voltou ao Brasil em 2017 como um dos maiores do mundo, como dançarino e como coreógrafo, e se tornou o primeiro negro a ocupar o cargo de diretor do Balé da Cidade de São Paulo. Enfrentou uma controvérsia, devido a uma denúncia por suposto assédio moral, mas terminou sendo inocentado. Faleceu aos 66 anos, em 8 de abril de 2021.
16. João Acaiabe
Assim como Gésio Amadeu, João Acaiabe também viveu o personagem do Tio Barnabé no remake do “Sítio do Picapau Amarelo”, entre os anos de 2001 e 2006. Porém, sua carreira foi mais ativa no cinema, onde também participou de “Eles Não Usam Black-Tie” (1981), e de filmes como “Boleiros – Era Uma Vez o Futebol” (1998), “Cronicamente Inviável” (2000) e “Casa de Areia” (2005).
Na televisão, esteve presente em novelas como “Tenda dos Milagres” (1985) e “Vila Madalena” (1999), e em séries como “Dona Flor e Seus Dois Maridos” (1998), “Chiquititas” (2013-2015). Seu último trabalho foi no filme “M8: Quando a Morte Socorre a Vida” (2020). Faleceu aos 76 anos, em 31 de março de 2021.
17. Juan Carlos Copes
Conhecido na Argentina como um dos maiores bailarinos de tango de todos os tempos, e difusor da dança a nível internacional. Como bailarino e coreógrafo, Copes participou da montagem de dezenas de musicais, não só em seu país como também na Europa e Estados Unidos. Também bailou tango em películas como “Carlos Gardel – Historia de un Ídolo” (1964) e “Ésta es mi Argentina” (1974).
Sua última aparição na telona foi em 1998, no filme Tango, de Carlos Saura. Em 2000, a cidade de Buenos Aires entregou a ele o título de maior dançarino de tango do século 20. Faleceu aos 89 anos, em 15 de janeiro de 2021.
Opera Mundi
Desde o início da pandemia, artistas e intelectuais brasileiros e do resto do mundo perderam a vida para a covid-19
18. Laíla do Carmo
Um dos mais famosos carnavalescos do Rio de Janeiro, com mais de 50 anos de trajetória, Laíla foi mais identificado com a escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, pela qual fez mais de 30 desfiles e conquistou 9 dos seus 21 títulos no carnaval carioca. Além disso, foi diretor da famosa Comissão de Carnaval da Beija-Flor, entre 1998 e 2016, que representou o período mais vitorioso da escola.
Também realizou desfiles de outras escolas do Rio, como Vila Isabel, Salgueiro, Unidos da Tijuca e União da Ilha. Em São Paulo, teve breves passagens pela Unidos do Peruche e pela Águia de Ouro – foi o responsável pelo primeiro título da agremiação, em 2018. Faleceu aos 78 anos, em 18 de junho de 2021.
19. Larry King
Dono dos suspensórios mais famosos dos Estados Unidos, este jornalista se tornou famoso no mundo inteiro por comandar o “Larry King Live”, icônico talk show da CNN que se manteve no ar durante 25 anos, entre 1985 e 2010.
Contudo, seu sucesso em terras ianques vinha de três décadas antes, desde os seus primeiros anos no rádio, nos anos 1950. A fama de entrevistador mordaz o tornou ícone pop em seu país e também sua participação em diversos filmes, séries e até desenhos animados como “The Simpsons” e “South Park”. Faleceu aos 87 anos, em 23 de janeiro de 2021.
20. Liu Shouxiang
Conhecido como um dos maiores pintores de aquarela da China, também era professor do Instituto de Belas Artes de Hubei, a província que viveu o primeiro surto da doença no mundo. Foi provavelmente o primeiro grande artista vítima do SARS-CoV-2.
Faleceu aos 61 anos, em 13 de fevereiro de 2020 – quando a imprensa publicou as notícias sobre a sua morte, a doença ainda não havia sido batizada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como covid-19, e as matérias indicavam o “novo coronavírus” como a causa do óbito.
21. Luis Sepúlveda
Apesar de publicar contos em alguns diários chilenos nos anos 1960 e 1970, o outrora jornalista Luis Sepúlveda só passou a se dedicar mais exclusivamente à literatura a partir de 1977, quando teve que abandonar seu país natal para fugir do regime ditatorial de Augusto Pinochet e sua perseguição a pessoas que, como Sepúlveda, tinham pensamento de esquerda e apoiaram o governo de Salvador Allende.
Na Espanha, publicou seus primeiros livros. Entre suas obras mais destacadas estão Desencuentros al Otro Lado del Tiempo (1990), Historias Marginales (2000) e La Sombra de lo que Fuimos (2009), além de Los Peores Cuentos de los Hermanos Grimm, em coautoria com o escritor uruguaio Mario Delgado Aparaín. Faleceu aos 70 anos, em 16 de abril de 2020.
22. Lynn Kellogg
A carreira desta atriz e cantora estadunidense foi marcada especialmente pelos musicais da Broadway e um em especial: “Hair” (1968), no qual interpretou Sheila Franklin, principal papel feminino da obra – no entanto, foi preterida na escolha do elenco para a versão cinematográfica, lançada em 1979, o que a levou a passar alguns anos em depressão.
Kellogg também participou de alguns musicais no cinema, como “Charro”, no qual ela contracena com Elvis Presley. Faleceu aos 77 anos, em 12 de novembro de 2020.
23. Manu Dibango
Após se consolidar como um dos maiores músicos de Camarões nos anos 1960, Dibango cruzou o oceano e passou a fazer sucesso também na Europa e nos Estados Unidos, aproveitando a onda do afrobeat. Entre 1976 e 1992, ele lançou 14 discos em seu país e 12 no hemisfério norte. O momento mais polêmico da sua carreira foi em 1982, quando acusou Michael Jackson de plagiar um fragmento de uma canção sua na faixa “Wanna Be Startin' Somethin”, uma das músicas que integram o álbum “Thriller”, um dos maiores sucessos de vendas da megaestrela pop. Dibango, entretanto, não obteve a vitória nos tribunais.
Em 2007, nova briga na justiça com Jackson e com Rihanna, por outro suposto plágio presente na canção “Don´t Stop the Music”, composta pelo estadunidense e gravada pela barbadense – desta vez, a artista caribenha encerrou a disputa pagando os direitos ao camaronês. Dibango faleceu aos 86 anos, em 23 de março de 2020.
24. Nelson Sargento
Nasceu e cresceu mangueirense. Quando ainda era conhecido somente como Nelson Mattos, passou a formar parte da ala de compositores da Estação Primeira ainda jovem, nos anos 1940, e em 1955, aos 31 anos, já era presidente. Sua carreira como músico além das escolas de samba só despontou nos anos 1960, a partir de suas primeiras apresentações no Zicartola, o restaurante de Cartola e Dona Zica.
Porém, suas composições tiveram mais sucesso quando gravadas por outras vozes, com as da também mangueirense Beth Carvalho, que lançou “Agoniza, Mas Não Morre”, “Falso Amor Sincero” e “Cântico à Natureza”, entre outros sambas. As letras de Sargento também ficaram famosas na voz do portelense Paulinho da Viola, que gravou “Falso Moralista” e “Minha Vez de Sorrir”. A partir de então, passou a gravar seus próprios discos. Também realizou exposições como artista plástico abstrato e publicou dois livros de poesias. Em 1997, ele foi tema do documentário Nelson Sargento no Morro da Mangueira. Faleceu aos 96 anos, em 27 de maio de 2021.
25. Nicette Bruno
Garota-prodígio do teatro carioca, Nicette Bruno estreou aos 12 anos interpretando Julieta em uma montagem do clássico de William Shakespeare. Aos 17, já dava as caras também em São Paulo, sendo uma das fundadoras do Teatro de Alumínio, em 1950. Três anos depois, junto com seu futuro marido, o ator Paulo Goulart, ela estrelava peças como “Ingênua Até Certo Ponto” e “Pedro Mico”. Sua fama a levou a passar por quase todas as grandes companhias de teatro de São Paulo e do Rio de Janeiro entre os anos 1950 e 1960.
Na televisão, foi uma das estrelas das novelas da antiga TV Tupi, como “Meu Pé de Laranja Lima” (1971), “Rosa dos Ventos” (1973) e “Éramos Seis” (1977). Também fez vários trabalhos de sucesso na Rede Globo, como “Selva de Pedra” (1986), “Rainha da Sucata” (1990) e “Mulheres de Areia” (1993), além de interpretar a Dona Benta na série “Sítio do Picapau Amarelo”, entre 2001 e 2004. Em 2010, lançou junto com Goulart o livro de culinária, Grandes Pratos e Pequenas Histórias de Amor. Faleceu aos 87 anos, em 20 de dezembro de 2020.
26. Nick Cordero
O ator canadense tinha carreira em ascensão como um dos principais astros da Broadway, protagonizando musicais como “Rock of Ages” (2012), “Bullets Over Broadway” (2014) e “A Bronx Tale” (2016), sendo indicado algumas vezes aos prêmios Tony, o “Oscar” do teatro nos Estados Unidos – embora sem nunca ter vencido.
Na televisão, participou em episódios esporádicos de séries como “Queer as Folk” (2005), “Blue Bloods” (2017) e “Law & Order” (2019). Faleceu aos 41 anos, em 5 de julho de 2020.
27. Óscar Castro
Antes de virar filme, “O Carteiro e o Poeta” foi uma peça de teatro com relativo sucesso na Europa nos anos 1980 e quem interpretava o carteiro era Óscar Castro, o ator perfeito para a obra, pois conhecia o Chile (país onde nasceu), a Itália (primeiro país onde se exilou, fugindo da ditadura de Pinochet) e o exílio, que era a principal temática da história.
Castro foi um dos grandes nomes do teatro chileno dos anos 1960 e 1970, com sua companhia Aleph, que teve duas refundações: em 1979, quando os atores se reencontram na França, e em 1994, quando retomaram sua sede em Santiago, após o fim do regime pinochetista. No entanto, Castro seguiu vivendo na França, país onde viveu seus últimos anos, fazendo apenas visitas esporádicas ao Chile. Faleceu aos 74 anos, em 25 de abril de 2021.
28. Óscar Chávez
Multifacético artista mexicano, se destacou como cantor, compositor, ator, diretor de teatro e poeta. Além de seus famosos discos como trovador, com destaque para “La Llorona” (1972) e “Mariguana” (1973), também é lembrado por suas obras de odes à música latino-americana, com a série “Latinoamérica Canta”, de cinco volumes lançados entre 1970 e 1982, e também seus álbuns abertamente políticos, como “Parodias Políticas” (1975) e “Nicarágua Vencerá” (1979), este último em homenagem à Revolução Sandinista no país centro-americano.
Também gravou canções dedicadas à luta do EZLN (Exército Zapatista de Liberação Nacional) no sul do México. Faleceu aos 85 anos, em 30 de abril de 2020.
29. Paulinho
Ele foi o rosto do Roupa Nova, banda de soft rock cujo hit “Whisky a Go Go” é hino de encerramento em casamentos e formaturas de todo o Brasil, e que também emplacou várias canções como temas de novelas da Rede Globo nos anos 1980 e 1990.
Antes dos 40 anos em que esteve com o Roupa Nova, onde era vocalista e baterista, Paulinho formou parte da banda Los Panchos Villa, que também era integrada por Ricardo Feghali (que seguiu sendo seu companheiro no Roupa Nova) e sua irmã, a hoje médica e deputada federal do PCdoB Jandira Feghali. Faleceu aos 68 anos, em 14 de dezembro de 2020.
30. Paulo Gustavo
Entre os nomes presentes na lista, o de Paulo Gustavo certamente foi um dos que causou mais comoção. Devido ao fato de que era um ator jovem, que estava no melhor momento da sua carreira, e também porque sofreu um longo período de internação. Esse “melhor momento da carreira” não era pouca coisa. A personagem Dona Hermínia de “Minha Mãe é uma Peça” rendeu a ele recordes de bilheteria no teatro e no cinema – o artista escreveu e protagonizou a obra e suas duas sequências tanto nos palcos quanto na telona.
Sua luta contra a covid-19 comoveu o Brasil: o ator foi internado em 13 de março de 2021 e seu quadro oscilou dentro de certa gravidade durante quase dois meses. No final de abril, o ator apresentou pequena melhora, mas dias depois a doença produziu uma embolia pulmonar que acabou vencendo suas resistências. Faleceu aos 42 anos, em 4 de maio.
31. Phil Spector
Como músico, não teve uma carreira muito destacada, mas como produtor, o estadunidense Phil Spector trabalhou com alguns dos artistas mais importantes da sua época. Produziu o último disco dos Beatles, “Let It Be” (1970) e depois foi coprodutor dos principais álbuns solo de dois ex-integrantes da banda: “Plastic Ono Band” (1970) e “Imagine” (1971), de John Lennon, “All Things Must Past” (1970) e “Living in the Material World” (1973), de George Harrison.
Também fez trabalhos com outros artistas famosos como Ike e Tina Turner, Leonard Cohen e a icônica banda punk Ramones. Faleceu aos 81 anos, em 16 de janeiro de 2021.
32. Roberto Romano
Importante intelectual brasileiro, foi professor de Ética e Filosofia do IFCH-UNICAMP (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas). Obteve seu doutorado na França, mais especificamente na Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais. Antes da carreira acadêmica, Romano passou por uma formação ideológica ligada à religião: integrou o Convento dos Dominicanos em Juiz de Fora entre 1966 e 1967; no ano seguinte, ingressou no Instituto de Filosofia e Teologia de São Paulo.
Foi preso e torturado pela ditadura e quase cometeu suicídio em uma cela do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social). Foi salvo por intervenção do então arcebispo de São Paulo Dom Paulo Evaristo Arns, que também o ajudou a iniciar seus estudos em filosofia na USP (Universidade de São Paulo). Defensor de um pensamento conservador, plasmado em obras como Brasil: Igreja Contra Estado – Crítica ao Populismo Católico (1979), Conservadorismo Romântico – Origem do Totalitarismo (1997) e Os Nomes do Ódio (2009). Faleceu aos 75 anos, em 22 de julho de 2021.
33. Ubirany do Nascimento
Músico que ganhou grande notoriedade no mundo do samba por ser cofundador de duas instituições: o bloco carnavalesco Cacique de Ramos, em 1961 – e que já teve participação de figuras como Beth Carvalho, Zeca Pagodinho e Jovelina Pérola Negra, entre outros –, e o grupo Fundo de Quintal, onde tocou com Almir Guineto, Jorge Aragão, Arlindo Cruz, Walter 7 Cordas e outros.
Ubirany também é conhecido por ser o responsável por introduzir o repique de mão no samba, instrumento que, aliás, se tornou marca do Fundo de Quintal. Faleceu aos 80 anos, em 11 de dezembro de 2020.
34. Trini López
Músico estadunidense que fez sucesso com “La Bamba” (1962) – versão do hit composto pelo mexicano Richie Valens –, “If a Had a Hammer” (1963) e “Lemon Tree” (1965). Também fez carreira no cinema, onde se destacou interpretando o personagem Pedro Jimenez em Os 12 Condenados (1967). Faleceu aos 83 anos, em 11 de agosto de 2020.
35. Tarcísio Meira
O último nome a entrar nesta lista é o de um dos mais destacados atores da teledramaturgia brasileira. Embora também tenha feito diversos trabalhos no teatro e no cinema, foi na televisão que Tarcísio Meira mais se destacou, talvez como o primeiro grande galã das novelas da Rede Globo, status que alcançou após viver João Coragem, protagonista de “Irmãos Coragem” (1970). Outro dos seus papéis marcantes foi o do Capitão Rodrigo Cambará, na adaptação televisiva de “O Tempo e o Vento” (1985), clássico do escritor gaúcho Érico Veríssimo.
Também teve atuações destacadas nas novelas “Guerra dos Sexos” (1983), “Roda de Fogo” (1986) e “O Rei do Gado” (1996), além das séries cômicas “Araponga” (1990) e “Tarcísio & Glória” (1988), onde contracena com sua esposa, a também atriz Glória Menezes. O casal se contagiou recentemente, mas Glória, apesar de internada, manifestou a doença de forma menos agressiva, ao menos até o momento, segundo os médicos que atenderam o casal. Tarcísio permaneceu intubado durante quase uma semana, até que faleceu, aos 85 anos, em 12 de agosto de 2021.
Uma polêmica: Lucia Bosè
O caso polêmico que fica meio de fora da lista é o da atriz e cantora italiana Lucia Bosè, que começou a carreira após ser eleita Miss Itália, em 1947, e participou de filmes de alguns dos mais famosos diretores europeus, como Federico Fellini, Luis Buñuel, Michelangelo Antonioni, entre outros. Faleceu aos 89 anos, em 23 de março de 2020, e naquele então os médicos anunciaram como causa da morte uma infecção por covid-19.
No entanto, seu filho, o também famoso cantor espanhol Miguel Bosè, intérprete de “Amante Bandido”, entre outros sucessos, hoje em dia é mais famoso por seu discurso neoconservador e ultra conspiratório – antigamente, o artista, abertamente bissexual e ativista LGBTQI+, era considerado mais progressista. Antes mesmo da pandemia, Miguel já era um defensor do discurso antivacina, e quando surgiu o novo coronavírus, ele chegou a colocar em dúvida se a doença existia. Após a morte da mãe, deixou de dar declarações sobre o tema por meses. Voltou a fazê-lo somente em abril deste ano, com a tese de que a morte de Lucia Bosè nunca foi causada por covid-19 e pediu à imprensa para “deixar de usar a minha mãe para continuar promovendo a farsa do coronavírus”.