O coletivo cultural Visto Permanente organiza nos dias 11 e 12 de fevereiro em São Paulo a terceira edição do festival Território Artístico Imigrante. O evento, com entrada gratuita, reúne artistas e coletivos com diversas linguagens e expressões artísticas que tratam das vivências de estrangeiros na capital paulista.
Além do Visto Permanente, a iniciativa é organizada em conjunto com outros coletivos e com o apoio do edital “Redes e Ruas” de Cultura Digital, Inclusão de Cidadania. Expressões culturais de países como Angola, Bolívia, Cuba, Palestina, República Democrática do Congo, Colômbia, Argentina, Guiné, Chile e Uruguai fazem parte da programação.
O festival, cujas primeiras edições aconteceram em junho e em outubro de 2016, surgiu a partir de conexões de grupos e coletivos de imigrantes em São Paulo. Além da luta política por uma nova lei de migrações que seja pautada pelos direitos humanos e sociais e não pelo ideário da segurança nacional que, segundo a organização, caracteriza o atual Estatuto do Estrangeiro, o evento também busca ser uma forma de construção de espaços para a produção cultural imigrante na cidade.
Segundo Miguel Dores, um dos membros do Visto Permanente, o festival é uma forma de reivindicar o uso livre da rua, como símbolo de cidadania plena. “A articulação de coletivos culturais para a ocupação de espaços públicos é em si uma demanda política pelo direito à cidadania e à rua, fortalecendo, por outro lado, os coletivos imigrantes para articular pelo direito ao acesso a políticas públicas de cultura”, afirmou a Opera Mundi.
Visto Permanente / Facebook
Terceira edição do festival Território Artístico Imigrante acontece nos dias 11 e 12 de fevereiro no Bom Retiro, em São Paulo
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Dores destaca que o contexto político internacional favorece a “judicialização das migrações”, com “consequências graves para a convivência pacífica das comunidades imigrantes com as sociedades nacionais”. Ele também lembrou que, em São Paulo, o programa Cidade Linda da prefeitura afeta particularmente as comunidades de estrangeiros, já que muitos artistas de rua e camelôs do centro são imigrantes.
Para ele, além da utilização de expressões culturais para ocupar o espaço público, a cultura assume um papel determinante para os imigrantes de uma forma mais ampla. “Ela representa a reconexão com as práticas e tradições de origem que fortalece a unidade das comunidades e permite a resistência à aculturação”, além de servir como uma estratégia política para criar uma “outra midiatização [dos imigrantes], contrária às ideologias da ameaça à segurança nacional e da invasão”.
Território Artístico Imigrante
11 e 12 de fevereiro
Praça Coronel Fernando Prestes – Bom Retiro, próximo à estação de metrô Tiradentes
Entrada gratuita
Programação
SÁBADO – 11 de Fevereiro
15h – I oficina de tullmas (pompons andinos) com Equipe de Base Warmis – para inscrição mande mensagem/e-mail acervovivo.sp@gmail.com
16h – I Triptico (Colômbia)
17h – Oula Al-Saghir (Palestina)
18h – Yannick Delass (RD do Congo)
19h – Lakitas Sinchi Warmis (mulheres imigrantes de vários países)
19h30 – SayaAfro Bolivia (Bolívia)
20h30 – DJ Cecilia Yzarra (Perú)
DOMINGO – 12 de Fevereiro
15h – Oficina de dança e percussão da Guiné-conacri com Aboubacar Sidibé (Guiné-conacri) – para inscrição mande mensagem/e-mail (acervovivo.sp@gmail.com)
17h – Projeto Raízes e Sarau das Américas (integração de saraus africano e latino-americano)
18h – Kollasuyo Maya (Bolívia)
19h – Pipo y Su Sabor (Chile/Argentina/Uruguai/Brasil)
20h – Batanga e cia (Cuba)
O evento também terá um tendal de fotografias de imigrantes ou sobre imigração. Caso esteja interessado em expor, escreva para acervovivo.sp@gmail.com.