Diário, desculpe por ter dormido abraçado com você hoje, aqui na Arábia. Até te amassei um pouco. É que foi um momento difícil. Perdi as estribeiras. Cheguei a ameaçar a Globo de renovar a concessão…, conceção…, concepção…, ah, sei lá, pô, a licença do canal.
Lá pelas três e meia da madrugada eu fiz uma live em que falei palavrão, bati na mesa, tirei os óculos, xinguei o Witzel, xinguei o meu partido, e xinguei a Globo de podre, canalha, mentirosa, porca, nojenta, imoral e patife. Aliás, falei “patifaria” um monte de vezes.
Perdi a linha mesmo, Diário. Me exaltei. E olha que eu sou um cara ponderado. Mas dessa vez a Globo passou dos limites.
Caramba, não é porque a minha família defende a legalização dos milicianos, emprega parente de miliciano, homenageia milicianos, é vizinha de miliciano e posa para foto com miliciano que isso quer dizer que a gente se envolva com miliciano.
Mas o pior mesmo é dizer que um homem atendeu o interfone na casa 58, que é a minha. Se eu não estava lá, eles estão me chamando de corno? Isso é pior que assassino, pô!
(*) José Roberto Torero é escritor e jornalista, autor de livros como Papis et Circensis e O Chalaça. O Diário do Bolso é uma obra ficcional de caráter humorístico.
Apoie o Diário do Bolso! Acesse o link do Catarse e contribua.
NULL
NULL