Um adolescente palestino foi morto na segunda-feira (10/04) durante uma operação militar israelense na Cisjordânia ocupada, em meio a nova onda de violência no Oriente Médio. Esta nova operação ocorre um dia depois do funeral de duas jovens israelenses mortas sexta-feira (08/04) em um ataque palestino, na região de Jericó.
O exército israelense disse em um breve comunicado que “as forças de segurança estavam realizando uma operação em Aqabat Jaber”, um campo de refugiados palestinos localizado perto de Jericó.
“Durante uma operação para prender um suspeito, confrontos violentos aconteceram em diferentes pontos. Os soldados dispararam com munição real”, disse o Exército, acrescentando que prendeu o suspeito.
O Ministério da Saúde palestino relatou a morte de Mohamed Fayez Balhan, de 15 anos, “morto por munição real da ocupação” após ser baleado na cabeça e no peito.
O movimento islâmico palestino Hamas denunciou uma “execução sumária (de Mohamed Balhan) pelas forças de ocupação israelenses em um ataque na Cisjordânia ocupada”.
Atentados, ataques com foguetes de Gaza, Líbano e Síria, seguidos por represálias israelenses: a região tem sido palco de uma onda de violência desde a invasão brutal, na quarta-feira (06/04), de forças israelenses na mesquita Al-Aqsa de Jerusalém, o terceiro local mais sagrado da Islã, provocando uma série de condenações e um súbito aumento de tensões.
Na quarta-feira, as forças israelenses invadiram duas vezes a mesquita de Al-Aqsa e desalojaram os fiéis reunidos para as orações noturnas, em pleno Ramadã, mês de jejum muçulmano que coincidiu nos últimos dias com as celebrações da Páscoa judaica e cristã.
Israel diz que, em aplicação da lei, a polícia foi “forçada a agir para restaurar a ordem”, diante de “extremistas” entrincheirados na mesquita com pedras e fogos de artifício, que foram usados contra a polícia durante o ataque.
No dia seguinte, cerca de 30 foguetes foram disparados do Líbano para Israel, ferindo uma pessoa e causando danos materiais. O exército israelense retaliou realizando ataques em Gaza e no sul do Líbano.
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Região tem sido palco de onda de violência desde invasão brutal de forças israelenses na mesquita Al-Aqsa
Atentado com carro-bomba
Na noite de sexta-feira, Israel anunciou a mobilização de unidades policiais de reserva e reforços militares, após um atentado com carro-bomba em Tel Aviv que tirou a vida de um turista italiano e causou a morte de duas irmãs israelenses de 16 e 20 anos em um ataque na Cisjordânia.
Nesta segunda-feira, a mãe das jovens morreu, de acordo com o hospital Hadassah, em Jerusalém. A mulher, de nacionalidades israelense e britânica, tinha ficado gravemente ferida durante o atentado que matou as filhas.
“Se algum terrorista pensa que durante o período de festas poderá escapar das forças de segurança, está enganado. Qualquer pessoa que agir contra nós, vamos acertar as contas com ele”, disse o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, no Twitter no domingo.
Nesta segunda-feira, milhares de israelenses participaram de uma marcha rumo a Eviatar, um assentamento não reconhecido pelas autoridades israelenses no norte da Cisjordânia, para exigir sua legalização.
Vários ministros e deputados também deviam comparecer, incluindo o ministro da Segurança Pública, Itamar Ben Gvir, uma figura de extrema-direita e apoiador da causa dos colonos na Cisjordânia, que disse em um vídeo divulgado por seu gabinete que Israel “não capitularia diante do terrorismo, nem em Eviatar nem em Tel Aviv”.
Em 2021, vários palestinos foram mortos pelo Exército israelense no vilarejo de Beita, vizinho a Eviatar, durante protestos contra o estabelecimento do assentamento.
Quase 3 milhões de palestinos vivem na Cisjordânia, território ocupado por Israel desde 1967. Cerca de 490 mil colonos judeus também moram na região em assentamentos considerados ilegais pela ONU, segundo a lei internacional.
Desde o início do ano, o conflito entre israelenses e palestinos matou pelo menos 94 palestinos, 18 israelenses, um ucraniano e um italiano, segundo contagem da AFP compilada de fontes oficiais israelenses e palestinas.
Estes números incluem, do lado palestino, combatentes e civis, incluindo menores, e do lado israelense, majoritariamente civis, incluindo menores e três membros da minoria árabe.