O candidato democrata à Presidência dos EUA, Joe Biden, escolheu a senadora Kamala Harris como sua companheira de chapa nas eleições de 3 de novembro. O anúncio foi feito pelas redes sociais do candidato e acontece poucos dias antes do início da convenção do partido que vai oficializar o nome dele na disputa.
“Eu tenho a grande honra de anunciar que escolhi Kamala Harris – uma lutadora destemida pelos mais simples, e uma das melhores servidoras públicas – como minha companheira de chapa. Na época em que Kamala era procuradora-geral, ela trabalhou de perto com Beau [Biden, filho do candidato, morto em 2015]. Eu vi enquanto eles enfrentavam grandes bancos, ajudavam pessoas trabalhadoras, e protegiam mulheres e crianças de abusos. Tinha orgulho na época, e tenho orgulho agora de tê-la como minha companheira nesta campanha”, afirmou.
I have the great honor to announce that I’ve picked @KamalaHarris — a fearless fighter for the little guy, and one of the country’s finest public servants — as my running mate.
— Joe Biden (@JoeBiden) August 11, 2020
Harris, 55, era uma das mais cotadas. No final de julho, a agência AP flagrou anotações de Biden se referindo a Harris nos seguintes termos: “não guarda rancores”; “fez campanha comigo e Jill [Biden, esposa do ex-vice]”; “talentosa”; “grande auxílio para a campanha”; “grande respeito por ela”.
Harris tentou garantir a indicação para a presidência, mas desistiu no final de 2019 alegando não ter mais dinheiro para continuar a campanha. Seu melhor momento foi justamente atacando Biden por ter trabalhado junto com políticos segregacionistas durante a década de 1970 na discussão sobre busing – matricular alunos em distritos escolares mais distantes de suas casas e transportá-los até lá por ônibus com o objetivo de promover a integração racial. Biden diz, na verdade, que não se opunha à prática, mas sim o fato de decisões judiciais obrigarem as cidades a aplicá-la. Mesmo assim, a relação entre os dois é boa.
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Harris tentou garantir a indicação para a presidência, mas desistiu alegando não ter mais dinheiro para continuar a campanha
Um ponto de Harris que pode ser problemático para a campanha é seu histórico como procuradora-geral da cidade de São Francisco e do Estado da Califórnia, sobre o qual já teve que responder algumas vezes. Além disso, o Estado é considerado solidamente democrata, o que não faria diferença na hora do colégio eleitoral.
Harris sempre se definiu como uma “procuradora-geral progressista”, mas não angariou muitos apoios nas alas mais à esquerda do Partido Democrata quando tentava a indicação para a presidência.
Biden prometeu que indicaria uma mulher para vice. Com a onda de protestos antirracistas, que varreram os EUA nos últimos meses, prevaleceu a tendência de uma mulher negra para o posto.
A eleição nos EUA está prevista para 3 de novembro, e o presidente Donald Trump vai tentar a reeleição com o atual vice-presidente, Mike Pence.