Atualizada às 17h40
O Grupo de Puebla, organização formada por 30 líderes de 12 países da América Latina, defendeu a vantagem e virtual vitória alcançada pelo candidato da esquerda no Peru, Pedro Castillo, e pediu que os resultados das eleições presidenciais no país sejam respeitados.
“No clima de polarização dentro do qual ocorreu este processo eleitoral, é imperativo que todos os atores políticos e institucionais aceitem os resultados das eleições e que seja desestimulado qualquer tipo de planos ou convocações para futuras desestabilizações democráticas”, disse o grupo, em nota divulgada neste sábado (12/06).
O comunicado, assinado por figuras como a ex-presidente Dilma Rousseff, o ex-mandatário do Equador Rafael Correa, e o ex-presidente do Paraguai Fernando Lugo, ainda destaca que “a jornada eleitoral deste dia 6 de junho é uma oportunidade histórica para recuperar a confiança na institucionalidade que, nos últimos anos, sofreu uma grave crise que violou a estabilidade democrática do Peru”.
Veja os últimos números da apuração:
“O Grupo de Puebla e aqueles que o compõe oferecemos ao presidente [Pedro] Castillo nosso apoio e vontade de colaboração para o êxito de seu governo”, afirma.
A organização ainda manifestou “admiração e respaldo ao valente povo peruano que, hoje, se manifestou a favor de uma novo começo em meio a uma das piores crises políticas e sociais de sua história recente”.
Keiko fala em 'batalha contra o comunismo' e volta a alegar 'fraude'
A candidata de extrema direita Keiko Fujimori voltou a falar neste sábado em “manipulações” nas eleições e, mesmo sem apresentar provas, disse que a “esquerda internacional” está tentando modificar o resultado das eleições.
“Queremos informar ao mundo fatos muito graves que vimos acontecer nessa última etapa do processo eleitoral. O Peru é um país geopoliticamente fundamental na América Latina e é por isso que ocorre essa tentativa da esquerda internacional de, como de costume e com todas essas manipulações que vimos nas mesas [de votação], tentar modificar a vontade do povo”, disse em coletiva de imprensa a veículos internacionais nesta tarde.
A filha do ex-ditador Alberto Fujimori passou a contestar os resultados após Pedro Castillo ultrapassá-la na apuração e se aproximar da vitória efetiva nas eleições peruanas.
Keiko ainda falou em “confronto contra o comunismo” e disse que o “fujimorismo representa a tentativa de todos os peruanos para que Peru não se converta em uma Venezuela, essa é umas das grandes responsabilidades que nós temos”.
Entretanto, apesar de voltar a alegar fraude nas eleições, a candidata conservadora disse que reconhecerá os resultados assim que o órgão eleitoral terminar a apuração dos últimos votos.
Até às 17h40 deste sábado, a apuração alcançava 99,89% dos votos contabilizados, colocando Castillo como virtual presidente eleito do país. O professor supera Keiko por mais de 50 mil votos.
Manobra para reverter vantagem de Castillo
O comunicado do Grupo de Puebla vem horas depois da Justiça Eleitoral ter voltado atrás de uma decisão que poderia retirar a vantagem de Castillo na reta final da apuração.
Nesta sex-feira (11/06), o Júri Nacional Eleitoral (JNE) havia decidido, contrariando a legislação peruana, prorrogar o prazo para recebimento de recursos que poderiam anular votos das eleições.
Após várias reações negativas e condenações por parte do partido Peru Livre, o JNE voltou atrás e, por três votos a um, suspendeu a medida.
Reprodução/Perú Libre
Declaração do grupo progressista vem após manobra para tentar anular votos e reverter vantagem do candidato da esquerda
Apesar de legalmente oferecer a possibilidade para ambos os partidos apresentarem novos recursos, a ação poderia beneficiar a candidata de extrema direita Keiko Fujimori, que está perdendo a eleição e já havia anunciado, na noite do mesmo dia em que o prazo se esgotou, que entraria com recursos para tentar anular 200 mil votos por uma suposta fraude para a qual, até agora, não obteve nem apresentou provas.
Ainda na noite de sexta-feira, o JNE emitiu uma nota confirmando a reversão da medida e afirmando que o pedido para prorrogar o prazo para a apresentação de recursos foi apresentado pelo partido da candidata derrotada, Keiko Fujimori.