O presidente eleito do Peru, Pedro Castillo, discursou na noite desta segunda-feira (19/07) em Lima, após a proclamação de sua vitória, e pediu “ampla unidade” dos peruanos. Ele toma posse no próximo dia 28 de julho, dia que marca o bicentenário de independência do país, e fica no cargo até 2026.
“Chamo à mais ampla unidade do povo peruano. Chamo à unidade para forjar e abrir a porta do próximo bicentenário que nos resta, fechando este bicentenário com todas suas diferenças, todos seus problemas e tudo o que vivemos”, disse. Mais cedo, pelo Twitter, ele já havia afirmado que sua intenção era construir “um Peru mais justo, mais unido e mais humano”.
O presidente eleito agradeceu o apoio do que chamou “Peru profundo”. “Companheiros e irmãos deste partido do Peru profundo, obrigado a vocês, queridos compatriotas, e a todos os peruanos que estão aqui esta noite e aos que se encontram fora de nossas fronteiras”, disse.
Castillo também citou sua adversária, a ultradireitista Keiko Fujimori, que, com diversas denúncias não provadas de fraude, atrasou a proclamação do agora presidente eleito por mais de um mês.
“Invoco nossos competidores políticos, à líder da Força Popular, a que não ponhamos mais obstáculos para levar este país adiante. Este é espaço é bem-vindo para se fazer um governo de todos os peruanos”, afirmou. “Compartilharemos juntos esta luta para um Peru mais justo e digno.”
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Proclamação
O Juizado Nacional Eleitoral (JNE) do Peru, proclamou na noite desta segunda-feira (19/07), oficialmente, Castillo como novo presidente do país, após todos de Keiko terem sido rejeitados pela corte.
A proclamação confirmou aquilo que as urnas já haviam manifestado. Castillo venceu o segundo turno do pleito presidencial com 50,13% dos votos, contra 49,87% da filha do ex-ditador Alberto Fujimori.
Pouco antes da declaração oficial, Keiko disse que “reconhecia” a derrota para Castillo. Ela não conseguiu provar, em nenhum momento, as supostas fraudes que apontava no pleito.
ANDINA/Jhony Laurente/Télam
Castillo fez primeiro discurso como presidente oficialmente eleito nesta segunda
Apuração
A apuração do 2º turno das eleições peruanas foi acirrada e o resultado das eleições só foi conhecido dias depois.
No dia da votação, 6 de junho, pesquisas boca de urna e até mesmo a contagem rápida feita por institutos de pesquisa indicavam um empate técnico entre os dois candidatos.
Não tardou, entretanto, para Keiko, ao ver que o atual presidente eleito a ultrapassava na apuração, levantar suspeitas de fraude eleitoral, que foram rejeitadas desde o primeiro momento por observadores internacionais.
Aos 98% da apuração, Castillo chegou a se declarar vencedor, mas pedia calma à população e que evitasse “cair em provocações”.
Veja como foi a apuração no Peru:
Como a apuração avançou ao longo do tempo:
Na reta final, Fujimori começou a empreender esforços para apresentar recursos jurídicos que pretendiam, sob alegações de fraude, anular mais de 200 mil votos, em regiões que majoritariamente haviam votado por Castillo.
Além disso, uma manobra na Justiça Eleitoral, cinco dias após a votação, pretendia reverter a vantagem do esquerdista ampliando o prazo para apresentação de recursos, o que favoreceria a candidata da extrema direita. Amplamente denunciada por organismos peruano e internacionais, a medida acabou derrotada.
A partir daquele momento, Castillo e seu partido, o Perú Libre, pediram que os órgãos eleitorais do país agissem com transparência, condenaram o que chamaram de “atitudes golpistas” de Keiko e convocaram sua militância a tomar as ruas do Peru para defender a vitória iminente que se projetava.
Já no dia 26 de junho, enquanto o Júri Eleitoral Nacional (JNE) julgava os recursos apresentados dentro do prazo legal pela campanha de Fujimori, o MP anunciou o início de uma investigação sobre áudios nos quais o ex-homem forte da ditadura de Alberto Fujimori (1990-2000), Vladimiro Montesinos, planejava subornar membros do JNE em ações ilegais para permitir que a filha do ex-ditador, Keiko, tivesse seus recursos aceitos e fosse declarada vencedora das eleições presidenciais do país.
Os últimos recursos em tramitação no JNE só foram indeferidos no dia 12 de julho, colocando por terra as esperanças de Keiko de contestar o resultado das eleições.
A ultradireitista ainda tentou desestabilizar a conjuntura peruana convocando apoiadores para protestar contra supostas fraudes no pleito. Durante manifestações em Lima na última quarta-feira (14/07), fujimoristas apedrejaram veículos oficiais dos ministros da Saúde, Óscar Ugarte, e da Habitação, Solangel Fernández, e depredaram o centro da cidade em protesto contra os resultados que dão vitória a Pedro Castillo.
O governo do atual presidente Francisco Sagasti e organismos internacionais condenaram duramente os atos e pediram respeito à vontade popular.