Esquerda e extrema-direita disputarão segundo turno na Colômbia
Gustavo Petro, da coalizão de esquerda Pacto Histórico, obteve 40,32% dos votos e enfrenta o milionário Rodolfo Hernández, que alcançou 28,15%
O candidato da esquerda Gustavo Petro, representante da coalizão Pacto Histórico, e o empresário de extrema-direita Rodolfo Hernández, da Liga de Governantes Anticorrupção, vão disputar o segundo turno das eleições presidenciais na Colômbia, marcado para 19 de junho.
Petro, ex-prefeito de Bogotá e senador, obteve 40,32% dos votos no primeiro turno, no último domingo (29/05), resultado em linha com a maioria das pesquisas.
Já Hernández, milionário independente e ex-prefeito Bucaramanga, surpreendeu e alcançou 28,15%, deixando para trás o candidato da direita tradicional, o ex-prefeito de Medellín Federico Gutiérrez (23,91%).
O pleito impôs uma dura derrota para os partidos da direita tradicional, para o “uribismo”, linha política ligada ao ex-presidente Alvaro Uribe, e para o impopular mandatário Iván Duque, que apoiava a eleição de Gutiérrez.
Hernández, 77 anos, obteve uma votação expressiva com uma campanha com slogans anticorrupção e sem debates com adversários, e já recebeu apoio para o segundo turno do derrotado Gutiérrez.
Petro, 62, se confirmou como a maior chance de a esquerda chegar ao poder pela primeira vez na Colômbia, mas agora precisará convencer ao menos parte do eleitorado moderado e conservador de que Hernández não encarna a real mudança de que o país precisa.
Francia Marquez/Reprodução
Petro e Francia Márquez compõem chapa de centro-esquerda representante da coalizão Pacto Histórico
Vencedor do primeiro turno, Petro afirmou em discurso na capital colombiana que este domingo foi um “dia de triunfo”, agradecendo a todos que “fizeram o possível na Colômbia para que fossemos mais de 8 milhões de cidadãos vitoriosos”.
O político ainda enviou uma clara mensagem ao seu oponente, afirmando que a corrupção “não se combate com frases no TikTok”.
“Meu oponente é acusado de corrupção (…) Você acredita que podemos alcançar a paz se admirarmos [Adolf] Hitler, então temos alguns caminhos a escolher. Propusemos uma mudança real, a família como a primeira comunidade”, disse, acrescentando que a fome “não termina com frases do TikTok, queremos mudança, queremos justiça social”.
Hernández, por sua vez, prometeu se empenhar para fazer da Colômbia um “país com oportunidade para todos e no qual o governo trabalha pelo bem-estar dos mais necessitados”.
Domingo de eleição
Cerca de 39 milhões de colombianos estavam aptos para participar neste domingo das eleições presidenciais no país que, pela primeira vez, tem a esquerda com o Pacto Histórico liderando as pesquisas.
Foram instaladas 12,5 mil mesas eleitorais, sendo a zona metropolitana da capital, Bogotá, o maior colégio com 5,9 milhões de eleitores habilitados. Ao todo, 27 missões de observação eleitoral estão no país acompanhando os detalhes do processo.
Pela primeira vez na história colombiana, a esquerda pode chegar ao poder. A chapa em torno da candidatura de Petro e Francia Márquez liderou todas as pesquisas de opinião.
(*) Com Ansa.
Leia Também
-
Após quase 2 dias, Itamaraty felicita Petro por eleição na Colômbia
-
Após vitória de Petro, grupo guerrilheiro fala em retomar negociações de paz
-
Colombianos após vitória de Petro e Francia: ‘esperança’ e ‘identificação’
-
‘Um governo do povo’: leia o discurso de Francia Márquez após vitória na Colômbia
-
Petro é 1º presidente de esquerda na Colombia, diz guardian; veja repercussão
-
Líderes latino-americanos felicitam Petro como novo chefe de Estado da Colômbia