A coalizão de oposição venezuelana Plataforma Unitária Democrática (PUD) decidiu manter o ex-embaixador Edmundo González Urrutia como o candidato unitário para as eleições presidenciais marcadas para 28 de julho.
Urrutia foi indicado como o “candidato tampão” da Mesa de Unidade Democrática (MUD), partido que faz parte da coalizão oposicionista, de última hora após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) prorrogar o encerramento das inscrições, no final de março.
O PUD anunciou que manter a indicação foi uma escolha “por unanimidade”, falando que a unidade “superou um novo obstáculo”.
“A Plataforma Unitária Democrática da Venezuela quer informar a todos os venezuelanos e à comunidade internacional que, por unanimidade, aprovou a candidatura do embaixador Edmundo González Urrutia como candidato presidencial da unidade democrática”, postou a coalizão na rede X (antigo Twitter).
Cientista político, Urrutia foi inscrito para garantir a presença da oposição no pleito, já que o nome esperado de Maria Corina Machado não pôde se lançar por estar inabilitada. Parte da oposição apostava na inscrição da ex-deputada mesmo ela estando inelegível por 15 anos. Por conta disso, a líder do Vente Venezuela (VV) escolheu a professora Corina Yoris para seu lugar.
No entanto, Yoris também não conseguiu se inscrever alegando problemas no site do CNE.
O Vente Venezuela deu respaldo à indicação de Urrutia, afirmando que “celebra” a decisão. “Hoje, por decisão unânime, as forças democráticas representadas na Plataforma Unitária escolheram o embaixador Edmundo González como candidato dos venezuelanos. Celebramos esta decisão e agradecemos aos venezuelanos pela confiança”, disse a publicação.
Com isso, o governador de Zulia, Manuel Rosales, do partido Um Nuevo Tiempo (UNT), também deixa a corrida eleitoral para apoiar Urrutia como o candidato oficial. Pelo X, a legenda disse que a saída foi um “gesto histórico de muita grandeza política”, afirmando que ele “manteve sua palavra” ao país.
Eleições de 2024
Ao todo, 13 candidaturas haviam se inscrito para o pleito deste ano, que será o segundo com maior número de concorrentes em uma eleição dos últimos 31 anos. Isso porque desde 1993 só um pleito teve mais participantes do que o deste ano: o que foi realizado em 2006 e contou com 14 candidatos.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, é um deles buscando a reeleição. O atual mandatário foi escolhido como candidato pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV). Caso vença, seguirá para o terceiro mandato consecutivo à frente do Palácio de Miraflores.
O caso de Corina Machado e Yoris gerou questionamentos da comunidade internacional em relação ao sistema eleitoral venezuelano, até mesmo do Itamaraty. Em nota, o Ministério de Relações Exteriores do Brasil havia expressado “expectativa e preocupação” em relação ao processo.
A posição foi rechaçada por Caracas, que enxergou a postura brasileira como “intervencionista” e com declarações “carregadas de profundo desconhecimento e ignorância”.
Por sua vez, o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela também respondeu aos questionamentos do Departamento de Estado norte-americano em relação ao processo eleitoral no país sul-americano, afirmando que críticas do governo dos Estados Unidos não se sustentam por terem como objetivo “desprestigiar” a instituição, declarando que o posicionamento é “insolente e falso”.