O presidente da Argentina, Mauricio Macri, afirmou nesta quinta-feira (29/08) que a culpa do agravamento da crise econômica é do resultado das eleições primárias realizadas no início do mês de agosto, das quais a chapa opositora de Alberto Fernández e Cristina Kirchner saiu vencedora. As declarações do mandatário vêm após o país declarar moratória na noite desta quarta-feira (28/08), anunciando que irá adiar o pagamento de uma porção da dívida de curto prazo.
“Os argentinos estamos vivendo realmente, a partir dos resultados das PASO [eleições primárias], um clima de preocupação e de angústia. Se criou uma incerteza política com essas PASO e que teve, lamentavelmente, consequências econômicas. Me refiro a umas PASO mal planejadas, que não são mais que uma pesquisa, a mais importante de todas, mas que tiveram a capacidade de desencadear uma crise como a que estamos vivendo”, disse o presidente.
Macri ainda lembrou o tempo até as eleições gerais e disse que não é apenas responsabilidade do governo combater a crise no país. “Temos 59 dias pela frente até as eleições. É minha responsabilidade como presidente fazer que elas transcorram da melhor maneira, mas nunca dependem só de um governo. Todos os que ocupamos, de uma maneira ou outra, um papel de liderança em nosso país, sabemos o peso que tem cada passo que damos e como incide no presente e no futuro dos argentinos”, disse.
O presidente ainda comentou os anúncios feitos pelo ministro da Fazenda argentino, Hernán Lacunza, nesta quarta-feira e justificou a moratória dizendo que o governo busca “estabilidade”. “Por isso estamos focalizados em reduzir o impacto da inflação e a incerteza que afeta o bolso dos argentinos. Também por isso, ontem, o ministro propôs medidas que buscam reduzir este risco. Demos conta do tema da dívida para defender a estabilidade cambiária no curto, médio e longo prazo”, afirmou.
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‘Se criou uma incerteza política com essas PASO e que tiveram, lamentavelmente, consequências econômicas’, disse presidente argentino
Não é a primeira vez que o presidente argentino tentou culpar a oposição pelo agravamento da crise econômica. No dia 12 de agosto, um dia depois da vitória de Alberto Fernández nas eleições primárias, Macri disse que “a alternativa kirchnerista não tem a confiança do mundo” e que a Argentina não poderia “voltar ao passado porque o mundo vê isso como o fim” do país.
Após a derrota macrista nas PASO, os mercados “se vingaram” do presidente e o dólar no país disparou, chegando registrar uma alta de 33% um dia depois das eleições. Também após os resultados do pleito, a Bolsa de Buenos Aires chegou a registrar queda de 30% e o risco-país ultrapassou os 900 pontos.