O presidente da Argentina, Mauricio Macri, anunciou nesta quinta-feira (15/08) a eliminação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dos produtos da cesta básica do país, como o pão e o leite. A medida vem após um agravamento da crise econômica gerado pela derrota do mandatário nas eleições primárias realizadas no último domingo (10/08).
“A partir da situação que se criou na segunda-feira, tomei uma decisão excepcional que nunca antes havia sido tomada na história de nosso país, vamos eliminar o IVA dos principais alimentos que as famílias argentinas consomem”, afirmou Macri em um vídeo divulgado pelo Twitter.
Nesta segunda-feira, um dia após as primárias das quais a chapa kirchnerista saiu vitoriosa com 47% dos votos, o dólar disparou e chegou a $60 pesos, indicando um aumento de mais de 30% com relação à semana anterior. A bolsa argentina chegou a registrar queda de 30% e o risco país ultrapassou os mil pontos na terça-feira (13/08), registrando o pior índice em 10 anos.
Segundo o jornal Clarín, além de pão e leite, produtos como arroz, farinha de trigo, mate, conservas de frutas, verduras, legumes e açúcar, são alguns dos produtos que não mais contarão com o valor do IVA.
“Esta medida tem validade até o fim do ano, vale para todos os pontos de venda destinados ao consumidor final e, nas próximas horas, será publicado um decreto no Diário Oficial”, disse o presidente.
Kremlin
Pacote e desculpas
Nesta quarta-feira (14/08), Macri anunciou um pacote econômico que prevê aumento de salários e congelamento de preços de combustíveis, medida que também visa reverter o quadro de piora a economia.
O presidente anunciou um aumento de 2 mil pesos (R$136,90 na cotação de hoje) no salário mínimo dos trabalhadores do setor privado e de 5 mil (R$342,30 na cotação de hoje) pesos nos servidores estatais. O salário mínimo na Argentina vale cerca de US$ 225, R$ 902.
Além disso, Macri anunciou um congelamento no preço dos combustíveis por 90 dias. No mesmo dia, o governo havia voltado atrás com relação à medida. Porém, segundo o jornal Página12, fontes do Ministério de Energias argentino confirmaram nesta quinta-feira que o governo não conseguiu um acordo com as petroleiras sobre a fixação dos preços e pode recorrer à lei do Abastecimento.
Ainda nesta quarta, o mandatário se desculpou por ter responsabilizado a vitória da chapa de Alberto Fernández-Cristina Kirchner nas eleições primárias pelo acirramento da crise no país e disse que o fez pois estava “triste” e “sem dormir”.