Atualizada às 23h55
O presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández, agradeceu ao ex-presidente Nestor Kirchner (1950-2010), com quem trabalhou, após a vitória sobre o atual mandatário Mauricio Macri.
“Obrigado, Néstor, onde quer que esteja, porque você semeou tudo isso que estamos vivendo”, disse. Este 27 de outubro marca nove anos da morte do marido da hoje vice-presidente eleita, Cristina Kirchner.
“Não é a nossa frente, mas a frente de todos. Nasceu para incluir a todos os argentinos. Os tempos que vêm não são fáceis. O governo voltou às maõs das pessoas”, disse.
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“Temos o compromisso de construir uma Argentina solidária, mais igualitária, que defende a educação pública, a saúde pública, que privilegie os que produzem, os que trabalham”, afirmou.
Fernández confirmou que Macri o convidou para tomar café da manhã na Casa Rosada nesta segunda-feira (28/10).
O presidente eleito ainda parabenizou o ex-mandatário brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que completou 74 anos neste domingo. O peronista pediu a liberdade do petista e levou a plateia a repetir gritos de “Lula Livre”.
Alberto Fernández ainda criticou a gestão de Macri e disse que, desde 2015, “a única coisa que eles fazem é enriquecer uns poucos ricos”. “Essa página foi virada hoje, vamos esquecer essa página e vamos convidar todos os argentinos a construir esse país”, disse.
A vitória da chapa Fernández-Cristina representa o retorno dos peronistas ao poder e o fim do governo neoliberal de Mauricio Macri, mandatário que, desde 2015, protagonizou um mandato marcado por profunda crise social e econômica.
Com 89,61% das urnas apuradas, Fernández tinha 47,78% dos votos, contra 40,73% de Macri. A tendência de vitória é irreversível.
A lei eleitoral da Argentina prevê vitória em primeiro turno se algum candidato alcançar 45% dos votos, ou se conquiste mais de 40% abrindo uma vantagem de 10 pontos percentuais do segundo colocado.
Veja a apuração:
Reprodução
Fernández fez primeiro discurso após vitória
Presidente, enfim
Considerado um peronista moderado, Alberto Fernández é advogado e professor do Departamento de Direito Penal e Processo Penal da Universidade de Buenos Aires, na capital da Argentina. Durante a carreira acadêmica, o presidente eleito da Argentina publicou, em colaboração com outros autores, quatro livros sobre o mundo do direito criminal e penal.
Fernández havia participado somente de uma eleição em 2000, quando disputou uma vaga no legislativo de Buenos Aires. Na política, Fernández é conhecido como flexível. Foi subdiretor-geral no ministério de Raúl Alfonsín (presidente entre 1983 e 1989), tesoureiro da campanha de Eduardo Duhalde (presidente de 2002 a 2003) até chegar à chefia da campanha de Néstor Kirchner.
O peronista ainda foi Chefe de Gabinete de Néstor por quatro anos, de 2003 a 2007. Com a vitória de Cristina, Fernández permaneceu por mais um ano no gabinete. O argentino renunciou ao cargo em 2008 após conflitos com a ex-presidente e desde então não exerceu mais atividades políticas.
ELEIÇÕES NA ARGENTINA: COBERTURA COMPLETA
Em maio de 2019, Kirchner anunciou sua candidatura a vice, deixando Fernández como responsável por liderar a chapa. Na ocasião, a ex-chefe de Estado afirmou que a integração Alberto-Cristina era o “necessário” para “não somente ganhar uma eleição, mas para governar”.
Em uma entrevista ao programa El Último Semestre, Fernández afirmou que sabe sair de uma crise, pois “aprendeu” com Néstor [Kirchner]. Ainda nesta entrevista, o novo presidente declarou ser um “um liberal de esquerda, um liberal progressista”.
“Acredito nas liberdades individuais e acho que o Estado tem que estar presente para o que o mercado precisar. E sou um peronista. Estou inaugurando o braço do liberalismo progressista peronista”, disse.