A contagem das urnas na Bolívia está entrando na reta final. Com 98,42% dos votos, o presidente Evo Morales aumentou sua vantagem em relação ao ex-presidente Carlos Mesa, candidato da oposição, a um número suficiente para vencer no primeiro turno. O atual mandatário aparece com 46,83% dos votos, contra 36,7% de Mesa. Os dados são do TSE (Tribunal Supremo Eleitoral) e fazem parte da contagem definitiva.
Na Bolívia, não é necessário obter 50% + 1 dos votos para se vencer no primeiro turno. Se o líder obtiver mais de 40% e tiver uma diferença de ao menos dez pontos percentuais em relação ao segundo colocado, a eleição termina.
No momento, a diferença entre Morales e Mesa é de 10,13 pontos percentuais – cerca de 600 mil votos
O espaço entre os dois candidatos tem subido de forma lenta. No final da tarde desta quarta (23/10), com 96,63% apurados, Morales tinha uma vantagem de 8,27 pontos percentuais.
Dois departamentos ainda não concluíram a apuração: Chuquisaca, no qual Mesa está com cerca de 40 mil votos de vantagem em 70,4% das urnas apuradas, e Beni, em que os dois estão praticamente empatados (com 99,69% apurados, a diferença entre os candidatos é de 91 votos, com vantagem para Morales).
Nesta manhã, Morales reafirmou o que disse no começo da semana sobre sua vitória. “Já ganhamos no primeiro turno. Falta, todavia, computar 1,58% e, novamente, quero dizer que, de acordo com a informação preliminar que temos, se trata do voto da área rural [onde o MAS, partido do presidente, é mais forte].”
ABI
Vantagem de Evo Morales já é suficiente para vencer no primeiro turno
OEA: segundo turno, mesmo que não precise
A missão da Organização dos Estados Americanos (OEA) que integrou a equipe de observadores internacionais nas eleições gerais da Bolívia realizadas no último domingo (20/10) recomendou nesta quarta-feira (23/10) que seja realizado um segundo turno no país mesmo se o atual presidente Evo Morales vencer o pleito na primeira volta.
“Se, concluída a apuração, a margem de diferença for superior a 10%, estatisticamente é razoável concluir que será por uma percentagem ínfima. Devido ao contexto e às cinco problemáticas evidenciadas neste processo eleitoral, continuaria sendo uma melhor opção convocar um segundo turno”, afirmou o órgão em comunicado.
Morales: tentativa de golpe
Na quinta (23/10), Morales já havia afirmado que o grupo de ex-militares que preparava um golpe contra seu governo está buscando consumá-lo em conjunto com setores da oposição que não reconhecem a vantagem do candidato do Movimento ao Socialismo (MAS) nas urnas.
“Semanas atrás, alguns comitês cívicos com alguns militares em serviço passivo se reuniram e planejaram um golpe de Estado. Novamente quero convocar o povo boliviano a defender [a democracia], mas também a comunidade internacional. Os vende pátria, agora golpistas, não passarão”, disse Morales.
O presidente ainda denunciou que os opositores já planejam nomear outro presidente e condenou os ataques a dependências do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) e contra as sedes de campanha do MAS.