O Comitê Executivo da Central Operária Boliviana (COB) decidiu nesta sexta-feira (14/08) suspender a greve geral e retirar os bloqueios de rodovias que haviam iniciado há 12 dias em todo o país. De acordo com o secretário executivo da COB, Juan Huarachi, a central permanecerá em “vigília permanente” para garantir que as eleições gerais na Bolívia aconteçam até 18 de outubro.
“A partir da decisão do Comitê Executivo, damos um intervalo ao conflito em nível nacional até 18 de outubro. A luta não acaba, porque estamos confiantes, mais do que nunca, que depois de 18 de outubro, [o governo] não vai querer realizar a transferência de comando”, disse Huarachi.
A decisão da COB ocorre após a autoproclamada presidente Jeanine Áñez, que assumiu o cargo com o golpe de Estado que derrubou Evo Morales, promulgar uma lei que adia novamente as eleições, fixando 18 de outubro como data-limite para o pleito.
Mas o secretário-executivo da COB afirmou que o governo interino não quer que ocorram as eleições. “Essa Lei Eleitoral, apesar da polêmica, está garantindo as eleições de 18 de outubro. Não especifica diretamente o dia 18, pode ser dia 16 ou antes”, disse.
A COB e movimentos sociais ligados ao Pacto de Unidade estavam desde o começo do mês bloqueando estradas e avenidas de diferentes regiões do país contra a decisão de adiamento das eleições gerais. Eles também exigiam a renúncia de Áñez.
Respondendo a acusações de que a central estaria promovendo violência na Bolívia, Huarachi afirmou que quem pacifica o país é a COB, e não o governo de Áñez, que envia as Forças Armadas para reprimir os manifestantes. “Instruímos nossos mobilizados a pacificar, somos os verdadeiros pacificadores”, afirmou.
ABI
Comitê Executivo da COB afirma que central continua em vigília para que as eleições acontecem conforme Lei Eleitoral
Data das eleições
Na noite de quarta-feira (12/08), o Senado boliviano aprovou uma lei que fixa 18 de outubro como limite para ocorrer as eleições gerais. “[…] Este prazo tem caráter urgente, imutável e definitivo”, afirmou o vice-presidente do Senado, Milton Barón.
A lei que limita a data das eleições foi celebrada por Morales nesta sexta. Em seu Twitter, o ex-mandatário disse que a medida foi “fixada por lei e com a garantia dos órgãos internacionais” e parabenizou a bancada do partido Movimento ao Socialismo (MAS) na Assembleia Legislativa “por cumprir com sua responsabilidade”.
“Saúdo e parabenizo a bancada do MAS na Assembleia Legislativa por cumprir com sua responsabilidade de abrir caminho para um retorno democrático com a Lei Eleitoral, apesar das ameaças, tentativas de boicote e silêncio de alguns políticos que sempre se afastam nos momentos difíceis”, declarou.
Saludo y felicito a bancada del MAS en la Asamblea Legislativa por cumplir con su responsabilidad de abrir el camino al retorno democrático con Ley de Elecciones pese a amenazas, intentos de boicot y silencio de ciertos políticos que siempre dan paso al costado en horas difíciles
— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) August 14, 2020
As eleições presidenciais bolivianas estavam previstas para acontecer, inicialmente, no dia 3 de maio. No entanto, foram suspensas pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) após Áñez decretar quarentena devido à pandemia do novo coronavírus na Bolívia em março. Outras duas datas foram anunciadas: no começo de agosto, depois para 6 de setembro e, agora, para 18 de outubro.