O presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou nesta quarta-feira (23/10) que o grupo de ex-militares que preparava um golpe contra seu governo caso o mandatário fosse reeleito estão buscando consumá-lo em conjunto com setores da oposição que não reconhecem a vantagem do candidato do Movimento ao Socialismo (MAS) nas urnas.
“Semanas atrás, alguns comitês cívicos com alguns militares em serviço passivo se reuniram e planejaram um golpe de Estado. Novamente quero convocar o povo boliviano a defender [a democracia], mas também a comunidade internacional. Os vende-pátria, agora golpistas, não passarão”, disse Morales.
O presidente ainda denunciou que os opositores já planejam nomear outro presidente e condenou os ataques a dependências do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) e contra as sedes de campanha do MAS.
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Mais cedo, Morales já havia alertado para a possibilidade de um golpe de Estado que busca impedir sua reeleição para o 4º mandato e decretou Estado de Emergência em todo o país. A medida vem após a intensificação dos protestos, convocados pela oposição, por conta dos resultados das eleições presidenciais – que indicam vitória de Morales no primeiro turno.
“Eu denuncio perante o povo boliviano e o mundo que está em processo um golpe de Estado que foi preparado pela direita com apoio internacional. Faço um apelo aos organismos internacionais para defender a democracia”, afirmou. “Não vamos buscar o confronto, porém vamos defender a democracia.”
ABI
Mais cedo, Morales já havia alertado para a possibilidade de um golpe de Estado que busca impedir sua reeleição para o 4º mandato
Morales disse também que a direita quer desprezar o voto indígena. “Entendo o desespero da direita boliviana que não quer reconhecer o triunfo do voto indígena, como nunca reconheceu no passado”, afirmou.
OEA quer segundo turno
A missão da Organização dos Estados Americanos (OEA) que integrou a equipe de observadores internacionais nas eleições gerais da Bolívia realizadas no último domingo (20/10) recomendou nesta quarta-feira (23/10) que seja realizado um segundo turno no país mesmo se o atual presidente Evo Morales vença o pleito na primeira volta.
“Se, concluída a apuração, a margem de diferença for superior a 10%, estatisticamente é razoável concluir que será por uma percentagem ínfima. Devido ao contexto e às cinco problemáticas evidenciadas neste processo eleitoral, continuaria sendo uma melhor opção convocar um segundo turno”, afirmou o órgão em comunicado.
Por sua vez, o embaixador da Bolívia na OEA, José Alberto Gonzales, respondeu as suspeitas levantadas pelo órgão internacional e garantiu que o Órgão Eleitoral Plurinacional (OEP) nunca havia afirmado que a TREP chegaria aos 100% das urnas apuradas no mesmo dia do pleito.
Neste momento, a apuração oficial de contagem dos votos individuais indica uma vantagem de Morales sobre Mesa, mas ainda não é suficiente para uma vitória em primeiro turno. Com 96,63% das urnas apuradas, o atual mandatário aparece com 46,03% dos votos, enquanto Mesa tem 37,36%.