A missão da Organização dos Estados Americanos (OEA) que integrou a equipe de observadores internacionais nas eleições gerais da Bolívia realizadas no último domingo (20/10) recomendou nesta quarta-feira (23/10) que seja realizado um segundo turno no país mesmo se o atual presidente Evo Morales vença o pleito na primeira volta.
“Se, concluída a apuração, a margem de diferença for superior a 10%, estatisticamente é razoável concluir que será por uma percentagem ínfima. Devido ao contexto e às cinco problemáticas evidenciadas neste processo eleitoral, continuaria sendo uma melhor opção convocar um segundo turno”, afirmou o órgão em comunicado.
O órgão ainda afirmou que considera “particularmente alarmante” a renúncia do vice-presidente do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) da Bolívia, Antonio Costas, apresentada nesta terça-feira em meio a apuração eleitoral e criticou a decisão do órgão boliviano de suspender a contagem rápida dos votos – TREP (Transmissão de Resultados Eleitorais Preliminares) – na noite de domingo, após a votação.
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Nunca prometemos 100%
Por sua vez, o embaixador da Bolívia na OEA, José Alberto Gonzales, respondeu as suspeitas levantadas pelo órgão internacional e garantiu que o Órgão Eleitoral Plurinacional (OEP) nunca havia afirmado que a TREP chegaria aos 100% das urnas apuradas no mesmo dia do pleito.
Neste momento, a apuração oficial de contagem dos votos individuais indica uma vantagem de Morales sobre Mesa, mas ainda não é suficiente para uma vitória em primeiro turno. Com 96,63% das urnas apuradas, o atual mandatário aparece com 46,03% dos votos, enquanto Mesa tem 37,36%.
ABI
Embaixador da Bolívia na OEA garantiu que TSE da Bolívia nunca prometeu que a TREP chegaria aos 100% deurnas apuradas no mesmo dia do pleito
“Nunca foi prometido que a TREP chegasse a 100%, quem pretenda manifestar isso definitivamente falta com a verdade porque não existe nenhum compromisso nesse sentido”, afirmou o diplomata em pronunciamento na sede da OEA em Washington.
Gonzalez ainda justificou a demora na apuração das últimas urnas dizendo que ela “está no cidadão que tem como tarefa a transmissão da ata [de votação], que deve ir a outra região onde exista internet e estamos falando de vilarejos que estão a três, quatro, cinco e até seis horas de distância, esse é a razão pela qual não se pôde chegar ao 100%”.